São Paulo, quarta-feira, 05 de maio de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Vitrines deverão ter faixa "antitrombada"

Lei regulamentada por Kassab prevê que ela tenha ao menos 2 cm de largura; dirigente do comércio critica

EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

LUIZ GUSTAVO CRISTINO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

No meio da vitrine haverá uma faixa de, no mínimo, 2 cm de largura. Na porta de vidro, também. É o que diz a lei, de autoria do ex-vereador e ex-jogador de futebol Ademir da Guia (PR), que o prefeito Gilberto Kassab (DEM) regulamentou.
Já apelidada de "lei antibêbado" e "lei antitrombada", a nova exigência não foi bem recebida no comércio da cidade.
"É uma regra inoportuna, antes de tudo. Com tantos problemas que a cidade tem, essa seria a última prioridade", afirmou Alencar Burti, presidente da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), que foi duro na crítica inclusive a Kassab, que é vice-presidente da associação.
"Apesar de ele ser meu vice, não entendi o motivo disso. O Kassab é um homem inteligente, um dos maiores políticos que eu conheço. Podia vetar isso e tudo bem. Vamos cumprir, mas a contragosto", disse Burti.
Com a publicação da regulamentação ontem no "Diário Oficial" do Município, a exigência já está valendo, mas hoje a prefeitura deverá publicar uma complementação do decreto dando prazo de 30 dias para as lojas se adaptarem.
Segundo o governo municipal, o objetivo é evitar acidentes. "É uma medida preventiva que visa a segurança da população", informou a prefeitura.

Sem adaptação
Em duas tradicionais ruas de comércio de São Paulo -a José Paulino (no Bom Retiro) e a Oscar Freire (nos Jardins)-, a Folha viu ontem só uma loja já adaptada à nova exigência.
"Acho que uma pessoa que tivesse algum acidente com o vidro da vitrine precisaria consultar um oftalmologista", disse Fábio Cabral, vendedor de uma loja na Oscar Freire.
Para Lúcia Bartolomei, gerente da única loja da mesma rua que cumpre a regra, é uma questão de bom senso instalar a faixa na vitrine. Porém, mesmo o seu estabelecimento está cumprindo a regra por acaso.
"A tarja está na vitrine há aproximadamente um mês, como decoração", disse Bartolomei.
O italiano Vittorio Arnone já foi vítima da falta de sinalização -ele se machucou na parede de vidro de um prédio em Higienópolis em dezembro de 2004. Ele disse que estava saindo com pressa do edifício para tomar um táxi, não viu a parede de vidro "perfeitamente limpa" e bateu a cara. O nariz sangrou muito. "Felizmente não foi grave, mas poderia ser", disse.


Colaborou VINICIUS QUEIROZ GALVÃO , da Reportagem Local


Texto Anterior: Há 50 Anos
Próximo Texto: É como uma faixa em um livro, diz designer
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.