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Vitrines deverão ter faixa "antitrombada"
Lei regulamentada por Kassab prevê que ela tenha ao menos 2 cm de largura; dirigente do comércio critica
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
LUIZ GUSTAVO CRISTINO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
No meio da vitrine haverá
uma faixa de, no mínimo, 2 cm
de largura. Na porta de vidro,
também. É o que diz a lei, de autoria do ex-vereador e ex-jogador de futebol Ademir da Guia
(PR), que o prefeito Gilberto
Kassab (DEM) regulamentou.
Já apelidada de "lei antibêbado" e "lei antitrombada", a nova
exigência não foi bem recebida
no comércio da cidade.
"É uma regra inoportuna, antes de tudo. Com tantos problemas que a cidade tem, essa seria
a última prioridade", afirmou
Alencar Burti, presidente da
ACSP (Associação Comercial
de São Paulo), que foi duro na
crítica inclusive a Kassab, que é
vice-presidente da associação.
"Apesar de ele ser meu vice,
não entendi o motivo disso. O
Kassab é um homem inteligente, um dos maiores políticos
que eu conheço. Podia vetar isso e tudo bem. Vamos cumprir,
mas a contragosto", disse Burti.
Com a publicação da regulamentação ontem no "Diário
Oficial" do Município, a exigência já está valendo, mas hoje a
prefeitura deverá publicar uma
complementação do decreto
dando prazo de 30 dias para as
lojas se adaptarem.
Segundo o governo municipal, o objetivo é evitar acidentes. "É uma medida preventiva
que visa a segurança da população", informou a prefeitura.
Sem adaptação
Em duas tradicionais ruas de
comércio de São Paulo -a José
Paulino (no Bom Retiro) e a Oscar Freire (nos Jardins)-, a
Folha viu ontem só uma loja já
adaptada à nova exigência.
"Acho que uma pessoa que
tivesse algum acidente com o
vidro da vitrine precisaria consultar um oftalmologista", disse Fábio Cabral, vendedor de
uma loja na Oscar Freire.
Para Lúcia Bartolomei, gerente da única loja da mesma
rua que cumpre a regra, é uma
questão de bom senso instalar
a faixa na vitrine. Porém, mesmo o seu estabelecimento está
cumprindo a regra por acaso.
"A tarja está na vitrine há aproximadamente um mês, como
decoração", disse Bartolomei.
O italiano Vittorio Arnone já
foi vítima da falta de sinalização -ele se machucou na parede de vidro de um prédio em
Higienópolis em dezembro de
2004. Ele disse que estava saindo com pressa do edifício para
tomar um táxi, não viu a parede
de vidro "perfeitamente limpa"
e bateu a cara. O nariz sangrou
muito. "Felizmente não foi grave, mas poderia ser", disse.
Colaborou VINICIUS QUEIROZ GALVÃO , da Reportagem Local
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