São Paulo, quarta-feira, 05 de maio de 2010

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Na 1ª noite, mulher dá de mamar a bebê que devolveu

Mãe que teve filho trocado em GO recorre à outra mãe para amamentar filho biológico

Crianças foram destrocadas anteontem; "Estou me segurando para não desabar em choro", diz mãe chamada para acalmar bebê que criou

Renato Conde - 03.mai.2010/Jornal "O Popular"
Queila Fagundes chega ao juizado de menores com a avó e criança trocada na maternidade, que ela criou como filho biológico

LUIZA BANDEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA

Quando seu filho começou a chorar anteontem à noite, a vendedora Queila Fagundes, 22, pediu ajuda a Elaine Oliveira, 28. Apesar de a criança ter um ano e um mês, era sua primeira noite com ela. As duas mães destrocaram os seus filhos anteontem em Goiânia.
Teste de DNA comprovou que uma era mãe do filho que vivia com a outra desde confusão em março de 2009, no Hospital Santa Lúcia, em Goiânia.
O primeiro choro só cessou após Queila ligar para dona de casa Elaine, a mulher que criara o menino até segunda-feira. Ela foi até lá e amamentou o bebê.
A primeira noite de Elaine com o filho foi tranquila. O bebê criado por Queila não chorou. O problema foi achar que ele sofre. "Estou me segurando para não desabar em choro."
A troca dos bebês só foi descoberta porque o marido de Queila desconfiou de traição, já que o menino tem pele clara e os "pais" são pardos.
Ela fez um teste de DNA para provar que o marido estava errado e descobriu que ela não era a mãe do menino. Foi, então, que procurou a polícia.
O primeiro dia de adaptação foi difícil. Mãe de outro menino, Queila diz sentir uma "falta constante". Chegou a confundir o nome das crianças: chamou o "filho antigo" quando queria falar com o biológico.
O sentimento, diz, é misturado com a alegria de estar com o filho verdadeiro. "É meu sangue, não vou renegar. Amo os dois do mesmo jeito", disse. Elaine se diz conformada.
"Tenho na cabeça e no coração que ele [o menino que criou] é o filhinho da Queila, que Deus só precisou de mim até aqui."

Irmãs
Queila diz que pretende se mudar para perto da outra mãe -que vive em Teresópolis (30 km de Goiânia) até a próxima semana. Quer criar os dois meninos juntos. Afirma que a confusão aproximou as mães e que a relação delas é de irmãs.
Até o final da semana, elas devem fazer os novos registros de nascimentos das crianças, com nova filiação. Ainda estudam se vão trocar os nomes.
Queila aguarda o fim do inquérito para entrar com ação por danos morais contra a maternidade. A polícia vai indiciar três funcionárias do hospital.
Em depoimento, duas negaram irregularidade e uma se calou.


Colaborou ESTELITA HASS CARAZZAI , da Agência Folha


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