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ADMINISTRAÇÃO
Retirada de barracas do quadrilátero piloto, marcada para hoje, é transferida para o dia 12; questão opõe petistas e CUT
Camelôs fazem PT adiar plano para o centro
SÉRGIO DURAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O impasse na questão dos ambulantes forçou o adiamento do
programa Reconstruir o Centro,
da prefeitura, que teria início hoje
no quadrilátero piloto delimitado
pelas avenidas São João e Ipiranga
e pelas ruas Conselheiro Crispiniano e Sete de Abril, conforme
anunciado há 20 dias. Marcada
para hoje, a implantação do programa ficou para o dia 12.
A retirada dos ambulantes da
área é um dos pilares do programa, que inclui mudança da iluminação pública, reforma das calçadas, readequação das fachadas
dos comércios e novos mobiliários (bancas, floreiras etc.).
A questão opõe dois aliados históricos: PT e CUT (Central Única
dos Trabalhadores). "É muita
precipitação da prefeitura retirar
os camelôs sem ampla discussão.
É preciso entendê-los como descarte do capitalismo. Vão ficar esperando em casa, uma solução da
prefeitura, sem ter o que comer?",
questiona o presidente estadual
da central, Antônio Carlos Spis.
Em nota divulgada ontem, a administradora regional da Sé, Clara
Ant, se restringe a comunicar o
adiamento, sem apresentar justificativas. O secretário de Implantação das Subprefeituras, Arlindo
Chinaglia, diz "que a questão dos
ambulantes é muito complexa,
por isso é mais prudente esgotar
as negociações".
A Administração Regional da Sé
e os camelôs ainda não fecharam
acordo. A reunião da Comissão
Permanente de Ambulantes, que
seria realizada na última sexta-feira, foi remarcada para o dia 8.
"Caso não seja fechado um
acordo, a implantação do programa não fica impedida", acredita
Chinaglia. Para ele, bastaria intensificar a fiscalização no quadrilátero para evitar o trabalho dos
ambulantes. Mas, nesse caso, entra outro problema da prefeitura:
a contratação prevista de 200 fiscais ainda não foi concluída. "Estamos na dependência de questões jurídicas", afirma.
CUT e PT
Na época do anúncio do programa da prefeitura, a Folha fez a
contagem dos ambulantes que
trabalham no quadrilátero. Ao todo, são 938 barracas e cerca de
2.000 marreteiros. A retirada desse contingente divide lideranças.
O Sindicato dos Trabalhadores
na Economia Informal, filiado à
CUT, é o mais crítico, das dez entidades representadas na comissão, ao programa de revitalização
do centro. "Em nenhum momento, ouvi falar de soluções para os
camelôs", diz Marco Antônio
Maldonado, diretor do sindicato.
Ontem, a Administração Regional do Jabaquara inaugurou o primeiro bolsão de ambulantes nas
ruas centrais do distrito da zona
sul de São Paulo. A operação
-classificada como "tranquila"
pelo administrador Odilon Guedes- foi rejeitada pelo sindicato
filiado à CUT.
Inicialmente, aos 585 ambulantes cadastrados na regional, foram oferecidas 174 vagas. Dos
convocados, 81 desistiram.
No quadrilátero do centro, a situação é pior. A previsão da prefeitura é que não haja nenhuma
das 938 barracas. "Há uma revolta
até porque não era isso o que estava no programa de governo da
prefeita", diz Maldonado. Segundo ele, a rejeição à operação do Jabaquara ocorre porque "a regional usou o cadastramento feito na
gestão de Celso Pitta (PTN)".
A presidente do Sinpesp (sindicato dos permissionários), Josefa
Viana Nogueira, acredita que cerca de 200 camelôs serão poupados
no quadrilátero. Esta, inclusive, é
a proposta da entidade apresentada na comissão. Já Maldonado diz
que "ou tiram ou ficam todos, até
achar uma solução".
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