São Paulo, terça-feira, 05 de junho de 2001

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ADMINISTRAÇÃO

Retirada de barracas do quadrilátero piloto, marcada para hoje, é transferida para o dia 12; questão opõe petistas e CUT

Camelôs fazem PT adiar plano para o centro

SÉRGIO DURAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O impasse na questão dos ambulantes forçou o adiamento do programa Reconstruir o Centro, da prefeitura, que teria início hoje no quadrilátero piloto delimitado pelas avenidas São João e Ipiranga e pelas ruas Conselheiro Crispiniano e Sete de Abril, conforme anunciado há 20 dias. Marcada para hoje, a implantação do programa ficou para o dia 12.
A retirada dos ambulantes da área é um dos pilares do programa, que inclui mudança da iluminação pública, reforma das calçadas, readequação das fachadas dos comércios e novos mobiliários (bancas, floreiras etc.).
A questão opõe dois aliados históricos: PT e CUT (Central Única dos Trabalhadores). "É muita precipitação da prefeitura retirar os camelôs sem ampla discussão. É preciso entendê-los como descarte do capitalismo. Vão ficar esperando em casa, uma solução da prefeitura, sem ter o que comer?", questiona o presidente estadual da central, Antônio Carlos Spis.
Em nota divulgada ontem, a administradora regional da Sé, Clara Ant, se restringe a comunicar o adiamento, sem apresentar justificativas. O secretário de Implantação das Subprefeituras, Arlindo Chinaglia, diz "que a questão dos ambulantes é muito complexa, por isso é mais prudente esgotar as negociações".
A Administração Regional da Sé e os camelôs ainda não fecharam acordo. A reunião da Comissão Permanente de Ambulantes, que seria realizada na última sexta-feira, foi remarcada para o dia 8.
"Caso não seja fechado um acordo, a implantação do programa não fica impedida", acredita Chinaglia. Para ele, bastaria intensificar a fiscalização no quadrilátero para evitar o trabalho dos ambulantes. Mas, nesse caso, entra outro problema da prefeitura: a contratação prevista de 200 fiscais ainda não foi concluída. "Estamos na dependência de questões jurídicas", afirma.

CUT e PT
Na época do anúncio do programa da prefeitura, a Folha fez a contagem dos ambulantes que trabalham no quadrilátero. Ao todo, são 938 barracas e cerca de 2.000 marreteiros. A retirada desse contingente divide lideranças.
O Sindicato dos Trabalhadores na Economia Informal, filiado à CUT, é o mais crítico, das dez entidades representadas na comissão, ao programa de revitalização do centro. "Em nenhum momento, ouvi falar de soluções para os camelôs", diz Marco Antônio Maldonado, diretor do sindicato.
Ontem, a Administração Regional do Jabaquara inaugurou o primeiro bolsão de ambulantes nas ruas centrais do distrito da zona sul de São Paulo. A operação -classificada como "tranquila" pelo administrador Odilon Guedes- foi rejeitada pelo sindicato filiado à CUT.
Inicialmente, aos 585 ambulantes cadastrados na regional, foram oferecidas 174 vagas. Dos convocados, 81 desistiram.
No quadrilátero do centro, a situação é pior. A previsão da prefeitura é que não haja nenhuma das 938 barracas. "Há uma revolta até porque não era isso o que estava no programa de governo da prefeita", diz Maldonado. Segundo ele, a rejeição à operação do Jabaquara ocorre porque "a regional usou o cadastramento feito na gestão de Celso Pitta (PTN)".
A presidente do Sinpesp (sindicato dos permissionários), Josefa Viana Nogueira, acredita que cerca de 200 camelôs serão poupados no quadrilátero. Esta, inclusive, é a proposta da entidade apresentada na comissão. Já Maldonado diz que "ou tiram ou ficam todos, até achar uma solução".


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