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Mãe diz ter visto aplicação de remédio
DA SUCURSAL DO RIO
A balconista Cristiane Soares,
27, disse ontem que viu uma enfermeira "negra e alta" aplicar o
Succinil Colin em Fernando André da Silva Soares, de quatro meses, e em Renan Rodrigues, de
cinco meses, na enfermaria pediátrica do hospital Salgado Filho.
"Ambos morreram 20 minutos
depois. Não quero culpar as enfermeiras porque elas foram solícitas e choravam muito após a
morte dos bebês", disse Cristiane.
Depois de presenciar as mortes
dos bebês, a balconista afirma que
impediu que as enfermeiras aplicassem qualquer medicamento
nas veias de seu filho Hélio Luiz
Soares, de três meses.
Segundo ela, as mães ainda foram obrigadas a tomar o antibiótico Rifampicina (300 mg). O medicamento, no entanto, estava
com a validade vencida desde janeiro deste ano.
Cristiane foi uma das mães que
retiraram os filhos da pediatria do
Hospital Municipal Salgado Filho
no último sábado.
"Quando cheguei ao hospital do
Andaraí (zona norte), os médicos
informaram que nem sequer havia necessidade de internação",
afirmou a balconista.
A dona-de-casa Sandra Regina
Felício Ramos, 26, disse ontem
que sua filha Bruna, 3, que estava
no leito ao lado do bebê Renan,
chegou a receber uma injeção e
passar mal, mas sobreviveu.
"Nossa sorte é que Bruna conseguiu falar que estava tonta, com
dor, antes de desmaiar", disse
Sandra, que retirou a filha do hospital Salgado Filho no sábado e
que, no hospital do Andaraí, também ouviu dos médicos que a internação era desnecessária.
A frentista Cláudia Andréa da
Silva, 21, mãe de Fernando André
da Silva Soares, de quatro meses,
não teve a mesma sorte.
Enfermeira
Cláudia também afirma que a
injeção com o medicamento que
teria matado seu filho foi aplicada
por uma enfermeira negra e alta.
"Ela [a enfermeira" continua
trabalhando normalmente, porque já encontrei com ela hoje [ontem" no hospital. Quando me viu,
ela fugiu", disse a frentista.
Claudia contou que havia amamentado seu filho às 20h30 de
sexta-feira. Às 21h, viu a enfermeira aplicar a medicação. Às
21h40, Fernando estava morto.
De acordo com Cláudia, a pediatra Vânia Lima Gomes, que assina o atestado de óbito apontando "causa indeterminada" para a
morte, teria receitado o medicamento. "Após a morte do meu filho, ela me disse: "Mãe, você matou seu filho. Ele broncoaspirou o
leite na hora da amamentação".
Ao meu marido, ela disse que tinha sido meningite", afirmou.
A Folha não conseguiu localizar
ontem a pediatra Vânia no Hospital Municipal Salgado Filho.
Cláudia voltou ontem ao hospital para receber o atestado que a
permitiria abonar as faltas no trabalho, mas não foi recebida por
nenhum membro da direção.
(PEDRO DANTAS)
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