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ADMINISTRAÇÃO
Marta não pagou pendência de, pelo menos, R$ 382 milhões deixada por Pitta; TCM pode fazer desconto
Dívida com educação não foi saldada
DA REPORTAGEM LOCAL
Nos R$ 2,189 bilhões que a Prefeitura de São Paulo diz ter gasto com educação no ano passado não está incluída uma dívida que o ex-prefeito Celso Pitta (PSL)
deixou com o setor.
De acordo com uma auditoria
do TCM (Tribunal de Contas do
Município), Pitta investiu apenas
16,76% em educação em 2000,
deixando uma dívida de R$ 829,1
milhões com o setor -exatamente a diferença entre os 16,76%
aplicados e os 30% exigidos em
lei. Já na prestação de contas do
governo, Pitta admite ter gasto
apenas 23,87% na área -menos
do que o exigido-, o que gera
uma dívida de R$ 382 milhões.
A não-aplicação dos 30% na
educação foi um dos motivos pelos quais as contas de Pitta em
2000 foram rejeitadas pelo TCM.
Agora, já que o recurso não foi
aplicado mais uma vez, o tribunal
poderá ou não descontar o montante das contas da prefeitura petista. Se descontar, as despesas de
Marta com educação atingirão
um percentual ainda menor. O
assunto, porém, é controverso.
O Ministério Público, que cobra
na Justiça investimentos que deixaram de ser feitos no setor em 98
e 99, acredita que, apesar de se referir ao exercício anterior, o compromisso deveria ter sido cumprido pela nova gestão municipal.
Pelo artigo 69 da LDO, no entanto, "as diferenças entre a receita e a despesa previstas e as efetivamente realizadas, que resultem
no não-atendimento dos percentuais mínimos obrigatórios, serão
apuradas e corrigidas a cada trimestre do exercício financeiro".
A lei, portanto, determina que a
diferença seja "apurada" e "corrigida", sem determinar explicitamente sua aplicação imediata.
Com base nisso, a prefeitura
adia, gestão após gestão, o pagamento da dívida com o setor, que,
segundo a CPI da Educação do
ano passado, já chega a R$ 1,6 bilhão desde 1994, considerando
ilegal a inclusão dos inativos.
Bom senso
A Prefeitura de São Paulo diz
que espera que o TCM tenha o
"bom senso" de "não cobrar o
que não é viável" na análise das
contas do primeiro ano de gestão
de Marta Suplicy (PT).
O inviável, nesse contexto, seria,
para a prefeitura, exigir a exclusão
dos inativos das despesas de Educação e o pagamento da dívida
deixada pela gestão anterior.
A posição da administração
municipal foi dada à Folha por intermédio da assessoria de orçamento da Secretaria das Finanças.
Para o governo, "a posição de
um Tribunal de Contas [até hoje,
contra a inclusão dos inativos"
não é definitiva para dizer se uma
coisa é certa ou errada".
A secretaria também contestou
a afirmação de que o PT -quando estava na oposição- sempre
foi contra a inclusão dos inativos e
ao alargamento do leque de dotações que podem ser consideradas
despesas de educação.
Segundo a secretaria, "isso nunca foi uma posição partidária,
mas, sim, de algumas pessoas de
dentro do partido".
Sobre o fato de o novo governo
não ter saldado a dívida deixada
por Pitta, a prefeitura afirmou que
não há nenhuma lei que obrigue a
administração a aplicar o montante já no ano seguinte ao exercício no qual a dívida foi acumulada
e que, além disso, não havia reserva em caixa para cobrir o débito.
Os programas sociais entraram
na conta da educação, de acordo
com o governo, "por um entendimento político de que são programas básicos de complementação da ação educacional".
(SÍLVIA CORRÊA e CHICO DE GOIS)
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