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AIDS
A.R.C.S., de sete meses, soropositivo, e M.C.S., 4, tinham sido colocados em abrigos diferentes em Santos, por decisão judicial
Irmãos separados voltam a viver com avós
FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS
Dois irmãos que viviam em um abrigo em Santos (SP) e foram separados pela Justiça porque um deles é portador do vírus da Aids voltaram ontem a se reunir sob a guarda do casal de avós.
A guarda provisória por 180 dias foi concedida pela juíza Elizabeth Lopes de Freitas, da Vara da Infância e da Juventude, a mesma que, no mês passado, determinou a transferência da criança soropositiva do abrigo Casa da Vó Benedita para a Casa Caio.
A decisão provocou protestos
de ONGs ligadas à questão dos direitos da criança e dos portadores
de HIV, para as quais o fato de
uma das crianças ter o vírus não
justificava a separação.
A juíza negou que a medida tivesse fundo discriminatório e argumentou que a Casa Caio ofereceria atendimento especializado
para A.R.C.S., de sete meses. O irmão, M.C.S., 4, permaneceu na
Casa da Vó Benedita.
Ontem, os avós M.C., 70, e J.S.,
69, estiveram nos dois abrigos para buscar os meninos. As crianças
já viviam com o casal, mas, há
quatro meses, eles tiveram de deixá-las na Casa da Vó Benedita em
razão de um problema familiar
que a avó preferiu não revelar.
"Para mim, foi uma angústia
muito grande nesses quatro meses porque a mãe não tem condição de ficar com eles. Eu não imaginava que seriam separados.
Agora, ninguém mais me tira essas crianças", disse a avó.
O pedido para que os irmãos
voltassem a viver com os avós foi
formulado à juíza pelos advogados do projeto Família Legal, uma
iniciativa da ONG de empresários
ACMD (Associação Comunidade
de Mãos Dadas), que atua em defesa dos direitos da criança, e a
Unimes (Universidade Metropolitana de Santos).
Estagiários de direito e advogados vinculados ao projeto trabalham desde o ano passado em
processos que tramitam na Vara
da Infância e da Juventude referentes a crianças e adolescentes de
cinco abrigos de Santos.
De acordo com a advogada
Alessandra de Mello Leite, a avó
foi procurada pelos integrantes
do projeto e manifestou interesse
de voltar a cuidar dos meninos. A
juíza atendeu ao pedido anteontem, com base no Estatuto da
Criança e do Adolescente, que dá
à família biológica a prioridade
para ficar com as crianças.
Os integrantes do projeto pretendem agora se valer do mesmo
expediente -a busca de um parente- para solicitar à juíza que
outros três irmãos, também separados, voltem a se reunir. Uma tia
estaria disposta a recebê-los, segundo a diretora da Casa da Vó
Benedita, Elizabeth de França.
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