São Paulo, quarta-feira, 05 de junho de 2002

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AMBIENTE

DDT foi proibido em 98 pelo Ministério da Saúde

Relatório diz que inseticida tóxico ainda é identificado no Brasil

Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
Lixo e esgoto poluem a represa de Guarapiranga, na zona sul de São Paulo; o dia do ambiente será comemorado hoje no Brasil com manifestações de várias entidades


RAQUEL LIMA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O DDT (diclorodifeniltricloretano), inseticida tóxico e altamente persistente na cadeia biológica, continua sendo identificado em território brasileiro, apesar de proibido no país por meio de portaria do Ministério da Saúde, publicada em janeiro de 1998.
Essa é uma das informações do relatório preliminar realizado sobre o Brasil, que vai constar no Inventário Regional da América do Sul de Substâncias Tóxicas Persistentes (STPs). Essas substâncias degradam o ambiente de forma lenta e são acumulativas.
Os dados irão compor um Inventário Mundial de STPs, projeto financiado pelo Fundo Mundial para o Meio Ambiente e coordenado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. O relatório final será discutido em setembro na Suíça.
As dioxinas e os furanos foram outras substâncias encontradas no Brasil, resultado da grande queima de biomassa do país.
Segundo o toxicologista Flávio Zambrone, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), as dioxinas são substâncias cancerígenas. Os incineradores de lixo são a principal fonte de emissão. Parecidos com as dioxinas, os furanos são suspeitos de causar câncer, segundo Zambrone.
Ainda de acordo com o relatório preliminar, na Amazônia também foram encontradas concentrações consideradas "expressivas" de organomercuriais. "São substâncias que também se acumulam na cadeia biológica. Extremamente tóxicas para o homem, podem causar alterações neurológicas", afirmou Zambrone.
Outras STPs identificadas no Brasil foram o agrotóxico heptacloro (inseticida semelhante ao DDT), o hexaclorobenzeno e o HCH (cancerígenos que se formam como resíduos em processos industriais).
O Recanto dos Pássaros, em Paulínia (SP), e Mauá, na Grande São Paulo, estarão entre as áreas críticas de concentração de STPs que vão constar no relatório. A Shell admitiu ter contaminado a área em Paulínia quando fez uma autodenúcia ao Ministério Público, em 1994. A multinacional produziu pesticidas organoclorados durante 20 anos no local. Em 2001, foi anunciada a contaminação do condomínio Barão de Mauá por 44 substâncias tóxicas. O terreno foi da Cofap.

Dia do ambiente
O Dia Mundial do Meio Ambiente será comemorado hoje no país com manifestações de várias entidades. A filial brasileira do Greenpeace estará, nesta semana, divulgando informações sobre produtos transgênicos nas cidades de São Paulo, Santos, Belo Horizonte, Salvador, Porto Alegre, Recife, Manaus e Rio de Janeiro. A ONG (organização não-governamental) promoverá debates e palestras.
Em São Paulo, o IBDN (Instituto Brasileiro de Defesa da Natureza) organizará uma conferência na Assembléia Legislativa, além de premiar pessoas que se destacaram na defesa do ambiente.

Colaborou a REPORTAGEM LOCAL


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