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Maldade atiça a curiosidade, diz filósofa
Para professora, o fato de o crime ter sido cometido por Suzane von Richthofen, "bonita e bem-nascida", desperta mais interesse
Psicanalista Jacob Pinheiro Goldberg diz que a dificuldade em entender o comportamento da jovem também atrai as pessoas
DA REPORTAGEM LOCAL
A curiosidade das pessoas é
saber até onde vai a maldade
humana. É o que diz a filósofa
Dulce Maria Critelli, professora da PUC-SP, para tentar explicar por que o julgamento de
Suzane e dos irmãos Cravinhos
desperta tamanho interesse.
Segundo ela, o senso comum
relaciona violência a motivações econômicas, como a miséria e a pobreza. "É tudo o que
Suzane, uma garota bonita e
bem-nascida, não realiza. O
que justifica o caso dela é o
oposto do que alimenta nossa
crença. E a maldade do ato fica
mais visível", afirma. "Assim, as
pessoas querem evitar que isso
se reproduza e pedem uma punição exemplar".
Para o psicanalista Jacob Pinheiro Goldberg, que também
é formado em direito e já exerceu a advocacia criminal durante 15 anos, é o inusitado desse crime que confunde as pessoas.
"É difícil explicar o comportamento dela. Essa falta de nexo provoca uma derivação para
a culpa, porque, para o coletivo,
alguém tem que ter culpa e deve ser executado para aplacar a
ânsia do grupo social", afirma
Goldberg, que é autor do livro
"Cultura da Agressividade".
Para ele, Suzane acabou rompendo um tabu social ao agir de
forma a planejar a morte de
seus próprios pais.
"Todos temos no inconsciente uma reação de amor e ódio
conjugados. Mas nos recalcamos, temos censura. Ela jogou
o campo da fantasia no concreto. E aí as pessoas ficam em pânico, pensando: "Se ela, que teve todas oportunidades na vida,
agiu assim, até onde eu iria
num surto demencial?" E isso
nos assusta", afirma.
Transmissão ao vivo
O ministro Nilson Naves, do
STJ (Superior Tribunal de Justiça), manteve ontem a decisão
do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo de proibir a
transmissão ao vivo do julgamento de Suzane Von Richthofen e dos irmãos Daniel Cravinhos e Christian Cravinhos.
A Acrimesp (Associação dos
Advogados do Estado de São
Paulo) havia entrado com mandado de segurança solicitando a
transmissão do julgamento pela TV na manhã de ontem, mas
o ministro Nilson Naves entendeu que a decisão do TJ havia
sido correta.
A autorização para que a sessão fosse transmitida na íntegra tinha sido dada pelo juiz Alberto Anderson Filho, que preside o caso. A medida teve o
apoio do promotor do caso, Roberto Tardelli, que considera o
julgamento um "evento público" e que, por isso, poderia ser
televisionado.
O interesse em acompanhar
o júri de Suzane e dos Cravinhos era tanta, que cerca de
5.000 pessoas se inscreveram
no site do Tribunal de Justiça
para acompanhar o júri. Foram
80 vagas sorteadas.
(FABIO SCHIVARTCHE)
Colaboraram a SUCURSAL DE BRASÍLIA e a
Reportagem Local
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