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Médicos alertam para a influência da indústria
Campanha no RS aborda influência "subliminar" dos laboratórios no setor
Movimento ganhou site e está sendo divulgado em escolas de medicina, hospitais e congressos médicos do Estado
CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO
Um grupo de 12 médicos e
professores de medicina do
Rio Grande do Sul lançou
uma campanha para alertar
os profissionais da saúde para a influência exercida pela
indústria farmacêutica.
Apoiada pelo Simers (Sindicato Médico do Rio Grande
do Sul), a campanha "Alerta
-Amostra Nunca é Grátis",
ganhou um site na internet
(http:// www.campanhaalerta.com.br) e está sendo divulgada em escolas de medicina, hospitais e congressos
médicos do Estado.
O movimento é inspirado
na organização britânica
There Is No Free Lunch ("Não
existe almoço grátis").
"A influência da indústria
costuma ser subliminar, não
nos damos conta", afirma o
intensivista Guilherme Barcellos, 33, diretor do sindicato gaúcho e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Hospitalar.
PESQUISAS
"Pesquisas demonstram
que, se perguntamos aos médicos se eles sofrem influência, dizem que não. Se a pergunta é "Seus colegas costumam ser influenciados?",
cresce muito a resposta
"Sim", afirma Barcellos.
No hospital Nossa Senhora da Conceição, em Porto
Alegre, onde é preceptor,
Barcellos dá palestras aos futuros médicos sobre conflitos
de interesse e a importância
de uma avaliação crítica da
literatura científica.
"A gente foca o trabalho
em quem ainda pode mudar
a cabeça nessa discussão",
afirma o dirigente.
Em 2008, um estudo publicado no "Jama" (jornal da
Associação Médica Americana) mostrou que as atividades de ensino médico tornaram-se dependentes da indústria farmacêutica para
sua realização.
Atualmente, cerca de 60%
dos investimentos em educação continuada provêm da
indústria.
CONGRESSO
Outra meta de Barcellos é
fazer congressos médicos
sem apoio da indústria farmacêutica. Em 2008, ele provou que isso é possível.
Organizou em Gramado
(RS) um congresso de medicina hospitalar com despesas custeadas por hospitais,
pelo Simers, pelo Ministério
da Saúde e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, entre outros. Participaram 600 profissionais, inclusive palestrantes do exterior.
"A gente entrava em contato, dizia que queria muito
contar com eles, mas que não
tínhamos como financiar a
vinda deles. A maioria não
aceitou, mas outros vieram,
financiados pelas instituições onde trabalham ou com
seu próprio dinheiro."
Para novembro, Barcellos
organiza outro evento sem
participação da indústria farmacêutica: o congresso pan-americano de médicos hospitalistas, em Florianópolis.
Entre os apoiadores deste
ano está a Mayo Clinic (EUA),
cujos hospitais figuram entre
as melhores instituições norte-americanas.
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