São Paulo, sexta, 5 de junho de 1998

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Estudantes fazem novos protestos no Rio

PRISCILA LAMBERT
enviada especial ao Rio

Estudantes universitários e secundaristas do Rio realizaram ontem, pela segunda vez em oito dias, protestos em vários pontos da cidade contra a política educacional do governo federal.
Na quarta-feira da semana passada, as manifestações provocaram grandes engarrafamentos em importantes vias da cidade e confronto com policiais.
Ontem, não houve tumultos. Os atos, que aconteceram entre as 12h e as 14h, causaram apenas retenção de trânsito em alguns pontos.
A maior delas ocorreu na praia de Botafogo (zona sul), onde cerca de 150 alunos da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), munidos de cartazes e faixas, fecharam quatro das cinco pistas da avenida da praia por meia hora.
Segundo a Secretaria Municipal de Trânsito do Rio, o ato causou engarrafamento de 1 km.
Os alunos da UFRJ deixaram a reitoria da universidade ontem, onde estavam acampados havia 15 dias. Eles reivindicavam a posse do reitor eleito pela comunidade universitária, que ainda depende da indicação do MEC.
Cerca de cem alunos da PUC (Pontifícia Universidade Católica), vestindo fantasias e narizes de palhaço, realizaram o ato "Circo da Educação", caminhando por ruas próximas à universidade.
Também houve manifestação de secundaristas do colégio Pedro 2º na Candelária (centro). Cerca de 30 pessoas tomaram a avenida Rio Branco por 15 minutos.
A manifestação em frente à Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) durou menos de três minutos. Os alunos fecharam uma pista da rua São Francisco Xavier, no Maracanã (zona norte), cantando refrãos de protesto contra a política educacional brasileira.
Além das caminhadas, houve performances em pelo menos dois locais da cidade: em frente ao prédio do MEC e no Centro Cultural Banco do Brasil, ambos no centro.
Alunos carregavam uma maca com um paciente, simbolizando a educação "doente". Outros, vestidos de canibais, ameaçavam comer simbolicamente o ministro da Educação, Paulo Renato Souza.
O movimento dos estudantes, batizado de "Fome de Educação", tem realizado diversos atos contra o que considera "privatização do ensino público". Eles protestam contra a falta de verba e de material para as universidades e contra a redução de bolsas.
"Também nos solidarizamos com os professores das federais em greve, que têm salários vergonhosos", diz João Paulo Jabur, estudante da PUC (particular).
Os participantes do movimento se definem como apartidários.
Por enquanto, para unificar os atos, foram criados comitês com representantes de várias instituições, que cuidam de contatos com a imprensa, confecção de material de divulgação e contatos entre os membros das universidades.
"Há alunos filiados a partidos, mas que não exercem liderança. Não pretendemos ter ligação com diretórios acadêmicos ou entidades como a UNE (União Nacional dos Estudantes)", diz Fabiana Gomes, 20, da Uerj.



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