UOL


São Paulo, sábado, 05 de julho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CRIME ORGANIZADO

Dupla ligada ao PCC foi condenada pela morte de advogado e tentativa de homicídio, além de mais dois crimes

Acusados de atentado pegam 40 anos

ALESSANDRO SILVA
DO ENVIADO ESPECIAL A SÃO VICENTE

Os dois acusados do atentado contra o fórum de São Vicente, no litoral de São Paulo, foram condenados ontem a 40 anos e quatro meses de prisão, após dois dias de julgamento no mesmo prédio onde se deu o ataque, em 2002, atribuído à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
Em decisão unânime, os sete jurados responderam desfavoravelmente a eles em mais de 40 perguntas formuladas pela juíza do caso, Debora Faitarone Pereira.
A defesa de Marcelo Calixto Costa, 27, e Sérgio Luiz Fidelis, 30, que disse ser membro do PCC à juíza e jurados, irá recorrer da decisão, questionando as provas coletadas na investigação
Em 19 de fevereiro do ano passado, segundo a condenação, os dois invadiram o fórum da cidade atirando. Assassinaram o advogado Antonio José da Silva, 35, e feriram o funcionário da recepção José Ailton Bezerra. Além de disparar a esmo no saguão, a dupla jogou uma granada, que não detonou, no prédio.
Pelo ataque, os dois foram condenados por homicídio duplamente qualificado (do advogado), tentativa de assassinato (do funcionário do fórum), cuja pena foi de 31 anos e 11 meses, e pelo crime de explosão (por causa da granada) e de facilitação de fuga (um preso seria resgatado) -mais 8 anos e cinco meses. Pela legislação brasileira, ninguém pode ficar mais de 30 anos preso.
Para os promotores Levy Emanuel Magno, do Gaeco, e Manoel Torralbo Gimenez Júnior, de São Vicente, a condenação é emblemática. "Mostra que a sociedade paulista não vai se curvar ao crime organizado", diz Gimenez Jr.
O advogado dos presos, Joaquim Fernandes, 36, disse que irá sustentar na apelação que a defesa teve o direito de defesa prejudicado no processo e que as provas não mostram que foram eles os responsáveis pelo atentado.
Calixto e Fidelis, que estavam foragidos de presídios paulistas quando o crime aconteceu, já eram condenados, respectivamente, pelos crimes de tráfico de drogas e assalto. Os dois aparecem em organograma da facção divulgado no ano passado pela polícia e Fidelis, de acordo com interceptações telefônicas, estaria coordenando pontos-de-venda de drogas na Baixada Santista.
Parentes do advogado assassinado, que acompanharam o julgamento desde o início a decisão, ficaram emocionados com a decisão. "Isso tira 90% do fardo que vínhamos carregando", disse ontem o operador químico Brás Vitor Pinto Almeida, 42, um dos 11 irmãos da vítima.


Texto Anterior: Aviação: Brasil já registrou 111 colisões entre aves e aviões neste ano; lixão é o culpado
Próximo Texto: Outro lado: Advogado alega que juíza feriu Código Penal
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.