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CASO CELOBAR
Para a polícia, adulteração evidencia que o fabricante usou substância tóxica no lugar do princípio ativo
Enila é suspeito de forjar importação de matéria-prima
SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO
A polícia do Rio anunciou ontem que os responsáveis pelo Enila, produtor do Celobar, adulteraram documentos para forjar a importação do sulfato de bário, princípio ativo do medicamento.
O Celobar é um contraste radiológico que causou a morte de uma
pessoa no Rio e é suspeito de ter
provocado outras 15 mortes em
São Paulo, Goiás e Minas Gerais.
Segundo o delegado Renato
Nunes, titular da Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Saúde Pública, foram manipulados
demonstrativos de compra do
sulfato de bário, que acabaram
não se comprovando quando
confrontados com os documentos fiscais da empresa.
A conclusão foi possível graças
ao exame da contabilidade e do
sistema de informática nos computadores e documentos do Enila, feito por peritos do ICCE (Instituto de Criminalística Carlos
Éboli), divulgado ontem.
Conforme dados do laudo, o laboratório importou 120 kg de sulfato de bário a menos do que informara à polícia. "A quantidade
importada por eles era insuficiente para a produção do remédio.
Dessa forma, ficou evidenciado,
mais uma vez, o uso do carbonato
de bário na fabricação do contraste radiológico", disse Nunes.
O carbonato de bário, três vezes
mais barato do que o sulfato, é
uma substância letal usada em veneno contra ratos.
Ontem, o delegado confirmou o
indiciamento do diretor-presidente do Enila, Márcio D'Icarahy,
do químico responsável do laboratório, Antônio Carlos Fonseca,
da farmacêutica Márcia Fernandes e do químico Wagner Teixeira
sob a acusação de adulteração voluntária de medicamento com resultado de morte. O crime é considerado hediondo e prevê pena de
20 a 30 anos de prisão.
O resultado do inquérito será
enviado ao Ministério Público,
que vai decidir sobre o oferecimento de denúncia à Justiça e
também sobre o pedido de prisão
preventiva dos acusados.
Outro laudo que ajudou no indiciamento foi o do exame feito
pelo IML (Instituto Médico Legal)
no corpo de uma vítima. Ele detectou uma quantidade de sal de
bário incompatível com a versão
de contaminação acidental.
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