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Ex-fiéis vão à Justiça pedir indenização de igrejas
Ações cobram recompensas por promessas que não foram cumpridas
Pastor disse que, se tivesse fé, homem não cairia
do telhado do templo
que consertaria; caiu e sofreu politraumatismo
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
MATHEUS PICHONELLI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Eles depositaram fé e recursos em quem lhes prometeu
dias melhores. Até que, cansados de esperar a providência divina, resolveram pedir o seu dinheiro de volta. São ex-fiéis desapontados que cobram na Justiça indenizações por danos
morais e materiais.
Nas estantes de fóruns e do
Tribunal de Justiça de São Paulo, casos de pessoas que investiram dinheiro em promessas
(desde a celebração de um casamento até o enriquecimento
imediato) esperam agora da lei
dos homens uma sentença.
As histórias de Maria e de
Carlos, ex-freqüentadores da
Igreja Universal do Reino de
Deus, ilustram essa situação.
Eles reclamam na Justiça terem vendido bens, como apartamentos e carros, em troca de
prosperidade financeira que
não foi alcançada.
Já um católico cobra a devolução de R$ 1.500 pagos para o
casamento. Ele pediu o cancelamento dizendo que o padre
interferia nos preparativos. O
pároco se negou a devolver o dinheiro, e o caso foi à Justiça.
"Quis dias melhores e tudo
que me deram foi porrada",
conta o padeiro desempregado
José Leite. Ele diz ter participado de sessão de descarrego na
Universal, na qual o auxiliar do
pastor, ao tentar exorcizá-lo,
bateu sua cabeça no banco.
Ele quer R$ 5.000 por danos.
O pedido foi considerado procedente, mas a igreja apelou.
Já Nelson ouviu do pastor
que, se tivesse fé, não cairia do
telhado que consertaria no
templo da Universal. Caiu, teve
politraumatismo e requereu
R$ 356.200 de indenização. O
pedido foi julgado procedente.
"É muito difícil provar que o
fiel é ingênuo e foi induzido. Fé
não pode ser mensurada", diz
Adriano Ferriani, professor da
PUC-SP e especialista em responsabilidade civil.
JOÃO CARLOS MAGALHÃES e MATHEUS PICHONELLI participaram do 41º Programa de
Treinamento em Jornalismo Diário da Folha , que
foi patrocinado pela Philip Morris Brasil
NA INTERNET - Leia a íntegra de entrevistas e mais casos em
www.folha.com.br/061715
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