São Paulo, sábado, 05 de julho de 2008

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SHINICHI MIZUNO (1909-2008)

O filho mais velho da imigração japonesa

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Do Japão que deixou para trás, depois do grande terremoto de Tóquio de 1923, Shinichi Mizuno tinha a lembrança da vida de nobreza mantida pelo pai, Ryu Mizuno, patrono e mentor da imigração japonesa no Brasil.
"Você nasceu aqui ou lá?", perguntava repetidamente ao irmão Ryusaburo, 23 anos mais novo que ele. "No Brasil", ouvia como resposta. "Coitadinho, nasceu pobre", lamentava em japonês. Aliás, falava pouco (ou quase nada) de português, mesmo tendo vivido 84 anos no país.
Teve uma banca de verduras em Curitiba, primeira cidade em que morou por aqui, depois que os irmãos do primeiro casamento do pai haviam morrido no Japão de tuberculose, uma doença sem cura na época. Os eucaliptos da região, acreditava a família, tinham propriedades medicinais preventivas.
Da feira livre, Mizuno sam conseguiu um emprego na Cooperativa Agrícola de Cotia, depois a gerência do depósito em Londrina e uma transferência para Mauá. Aposentou-se em 1974.
A genealogia dele é alvo de controvérsia na família. Registrado apenas em nome do pai, acredita-se que tenha vindo do Japão para completar a força de trabalho exigida dos imigrantes pelo governo brasileiro.
Soube da polêmica em vida, mas morreu na quinta, aos 99 anos, de complicações da velhice -sem lembrar ao certo se era filho biológico ou não. Foi enterrado ao lado do pai, no cemitério São Paulo.

obituario@folhasp.com.br


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