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SHINICHI MIZUNO (1909-2008)
O filho mais velho da imigração japonesa
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
Do Japão que deixou para
trás, depois do grande terremoto de Tóquio de 1923, Shinichi Mizuno tinha a lembrança da vida de nobreza
mantida pelo pai, Ryu Mizuno, patrono e mentor da imigração japonesa no Brasil.
"Você nasceu aqui ou lá?",
perguntava repetidamente
ao irmão Ryusaburo, 23 anos
mais novo que ele. "No Brasil", ouvia como resposta.
"Coitadinho, nasceu pobre",
lamentava em japonês. Aliás,
falava pouco (ou quase nada)
de português, mesmo tendo
vivido 84 anos no país.
Teve uma banca de verduras em Curitiba, primeira cidade em que morou por aqui,
depois que os irmãos do primeiro casamento do pai haviam morrido no Japão de
tuberculose, uma doença
sem cura na época. Os eucaliptos da região, acreditava a
família, tinham propriedades medicinais preventivas.
Da feira livre, Mizuno sam
conseguiu um emprego na
Cooperativa Agrícola de Cotia, depois a gerência do depósito em Londrina e uma
transferência para Mauá.
Aposentou-se em 1974.
A genealogia dele é alvo de
controvérsia na família. Registrado apenas em nome do
pai, acredita-se que tenha
vindo do Japão para completar a força de trabalho exigida dos imigrantes pelo governo brasileiro.
Soube da polêmica em vida, mas morreu na quinta,
aos 99 anos, de complicações
da velhice -sem lembrar ao
certo se era filho biológico ou
não. Foi enterrado ao lado do
pai, no cemitério São Paulo.
obituario@folhasp.com.br
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