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Professores aceitam acordo e decidem suspender greve
Suspensão é temporária, até que o governo Serra diga se aceita não descontar dias parados e retomar a negociação
Principal reivindicação é a revogação do decreto que cria prova para temporários e institui limite para faltas com justificativa médica
DA REPORTAGEM LOCAL
Os professores da rede estadual de São Paulo decidiram
ontem, em assembléia com cerca de 3.000 pessoas, segundo a
Polícia Militar, suspender temporariamente a greve iniciada
em junho, que já durava 21 dias.
A decisão foi tomada após
acordo firmado entre o sindicato dos professores e a Procuradoria Geral do Estado, que prevê a retomada das negociações
com a Secretaria da Educação e
a garantia de pagamento dos
dias de paralisação.
O acordo, mediado pelo Tribunal Regional do Trabalho da
2ª Região em audiência ontem
à tarde, prevê que o governador
José Serra (PSDB) decida até a
próxima quinta-feira se aceita
ou não os termos da proposta.
Até lá, a categoria decidiu manter-se em "estado de greve".
Caso a resposta seja negativa, a
Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado) promete retomar a greve.
A categoria havia parado no
dia 16 de junho. As principais
reivindicações eram um reajuste salarial de 35% e a revogação
do decreto 53.037, que prevê
uma prova anual para a atribuição de locais de aulas e a renovação de contratos dos professores em regime temporário
-eles são 40% da rede-, além
de um limite de 12 faltas anuais
por justificativa médica.
No fim de junho, o governo
concedeu reajuste de 5,41%
mais a incorporação de gratificações. Nesta semana, foi
anunciado o envio de um projeto de lei à Assembléia Legislativa que cria 70 mil vagas para
professor efetivo e o corte do
ponto dos grevistas.
Negociação
Embora conste da ata da reunião com o TRT que ambas as
partes se comprometem a
"prosseguir nas negociações
sobre os temas em pauta", a Secretaria de Estado da Educação
informou, por meio de nota,
que todos os itens do decreto ficam mantidos e que "nenhuma
questão salarial foi abordada"
no acordo.
A presidente da Apeoesp,
Maria Izabel Noronha, classificou a decisão pelo fim da greve
como "um recuo tático"."O governo não ia ceder. Temos todo
o resto do ano para negociar",
disse, referindo-se ao início da
vigência do decreto, na prática,
em fevereiro de 2009.
Apesar de a maioria dos professores ter votado pela suspensão do movimento, muitos
saíram descontentes da assembléia realizada na praça da República. "O aumento foi insuficiente e os decretos não foram
mexidos. Não saio satisfeito",
disse o professor de física Eugênio Almeida, 37.
Defensor da greve, o professor de biologia Dionísio Ruiz,
48, se confundiu e votou na
proposta de encerrar a paralisação, segundos após afirmar
que interrompê-la seria "dar
marcha a ré" no movimento.
Ele ergueu o braço ao ouvir o
enunciado da proposta -
"Manter o estado de greve e retomar a negociação...".
Após a votação, houve bate-boca entre professores. Aos
berros de "traição" e "fora pelegos", cerca de cem manifestantes encurralaram a presidente
do sindicato na descida do carro de som da entidade. Não
houve agressão física.
Reposição de aulas
Em nota, a Secretaria da
Educação diz que irá definir a
reposição das aulas perdidas
durante a greve -a adesão ao
movimento teria sido de 2%,
segundo a secretaria, e de 70%,
segundo o sindicato. Para a
Apeoesp, a reposição deve ser
definida por cada escola.
Inferno e paraíso
Durante a manifestação de
ontem, a Folha encontrou professores de escolas estaduais
que também dão aulas em colégios particulares. Para explicar
a diferença entre as duas realidades, um dos professores falou em "inferno e paraíso". A
estabilidade é o atrativo que os
mantêm na rede pública.
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