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Mototáxis clandestinos já atuam no transporte em SP
Serviço é oferecido em classificados e na internet; valor é semelhante ao de táxis
Vereador vai apresentar projeto regulamentando o transporte de passageiros em motos fora da área do centro expandido da cidade
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
O apelo da propaganda é tentador: fuja do trânsito congestionado de São Paulo em plena
hora de pico, não chegue atrasado aos seus compromissos.
A promessa de um transporte rápido para driblar os engarrafamentos não é mais só para
entregar documentos ou comida - mas também pessoas.
A atividade dos motoboys começa a se diversificar e já há
quem se ofereça para carregar
passageiros na garupa em troca
do pagamento de tarifa.
Trata-se de uma modalidade
paulistana e clandestina -por
enquanto muito tímida, mas
preocupante- do mototáxi.
Esse tipo de transporte existe em mais de metade dos municípios do Brasil e está prestes
a ter sua regulamentação nacional aprovada no Senado
-motivo de pavor para nove
entre dez especialistas, que temem pela segurança viária.
Na capital paulista, a divulgação do serviço é boca-a-boca e
em páginas de classificados na
internet -geralmente a cargo
de motociclistas que também
transportam mercadorias.
Além de ouvir relatos, a reportagem identificou cinco
anúncios do tipo e testou dois.
O atrativo de quem oferece
os serviços de mototáxi na internet não está no preço -diferentemente do que ocorre em
outros lugares do país, onde
disputam também os passageiros dos ônibus. A tarifa é negociada, mas similar à do táxi.
"A vantagem é que você chega rapidinho. Como é que vai
conseguir atravessar a cidade
numa hora complicada?", justificou Dimas, que queria cobrar
R$ 30 pelo transporte da região
central ao Ipiranga (zona sul).
"Você escolhe se quer mais
ou se quer menos rápido. De
qualquer forma, vai ser mais rápido do que de carro", afirmou
Rodrigo, que passou a se oferecer como mototaxista no final
de 2008 e hoje diz ter clientela
para uma viagem a cada dia.
A atividade ainda incipiente
tem tentáculos na periferia e
levou um vereador da base aliada do prefeito Gilberto Kassab
(DEM) a preparar um projeto
que vai tramitar na Câmara: a
implantação do mototáxi em linhas fora do centro expandido.
O vereador Ricardo Teixeira
(PSDB) diz que teve a ideia
após ver motociclistas que cobravam valores simbólicos para transportar moradores do
Jova Rural (zona norte), em
vias onde não passam ônibus.
Afirma que recebeu relatos
semelhantes de mototáxis no
Itaim Paulista, na zona leste.
"Na região central não dá.
Mas nos bairros mais distantes
a população tem poucas opções
de transporte coletivo, tem que
andar muito", alega Teixeira.
Embora a proposta não tenha a simpatia da cúpula do
transporte da prefeitura, técnicos veem com preocupação a
possibilidade de proliferação
do mototáxi até em grandes
metrópoles como São Paulo.
O primeiro temor se deve aos
acidentes: em dez anos, a frota
de motos no país quadruplicou,
e as mortes de motociclistas
aumentaram mais de 800%.
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