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Apoiadores do mototáxi pedem regras claras
Representantes da categoria e senador pregam fiscalização e treinamento como forma de reduzir riscos à segurança viária
Presidente da federação diz que as motos são a única opção de deslocamento para muitos moradores do interior e das periferias
DA REPORTAGEM LOCAL
O mototáxi atua de maneira
informal, sem aval do poder público, em três de cada quatro
municípios onde ele existe.
O resultado, pesquisado no
ano passado pelo IBGE, é uma
das justificativas da categoria
para defender a regulamentação nacional da atividade.
"Não adianta tapar os olhos e
achar que não existe e que não
vai existir. Tem é que criar regras claras, fiscalizar e corrigir
aquilo que estiver errado", afirma o senador Expedito Júnior
(PR-RO), um dos principais
responsáveis pelo avanço do
projeto no Senado.
Expedito Júnior -que está
prestes a perder seu cargo, após
o Tribunal Regional Eleitoral
ter cassado seu diploma sob a
acusação de compra de voto
nas eleições de 2006- foi quem
ressuscitou a proposta de 2001
do ex-senador Mauro Miranda
(PMDB-GO) prevendo transporte remunerado de passageiros por motocicletas.
O senador alega que a regulamentação vai melhorar as condições do serviço pelo país ao
exigir que ele só possa ser feito
por passageiros com mais de 21
anos e com curso normatizado
pelo Contran (Conselheiro Nacional de Trânsito).
Embora a proposta possa ser
estendida às grandes metrópoles, a principal motivação é regional. Em Rondônia, Expedito
Júnior tem nos mototaxistas
parte de sua base eleitoral. Ele
enfrenta na capital do Estado,
Porto Velho, a oposição da prefeitura ligada ao PT e que está
em guerra com a categoria.
"Aqui está proibido desde
1997. Temos mais ou menos
500 ilegais. Já apreendemos 53
desde abril. Por isso, tivemos
três ônibus incendiados por
mototaxistas e um sequestrado
com passageiros dentro", relata
Fernanda Moreira, secretária
de Trânsito de Porto Velho.
Os mototaxistas reclamam
da participação, que consideram discreta, da indústria da
motocicleta no lobby pela profissão. "Foi uma luta quase solitária. A Abraciclo [associação
dos fabricantes] não abraçou a
causa", diz Eliomar José Pereira, 38, presidente do Movimento Nacional dos Trabalhadores
Motociclistas Profissionais.
Pereira adota um discurso de
que "os acidentes ocorrem
mais com motociclistas normais, não com mototaxistas". E
defende que, com bom treinamento, os riscos à segurança
viária serão menores.
Robson Alves, presidente da
Fenamoto (Federação dos Mototaxistas e Motoboys do Brasil), diz que as motocicletas são
hoje a única opção de deslocamento para muitos moradores
do interior e das periferias.
"E só ganhamos espaço em
alguns capitais por conta da má
qualidade do transporte coletivo", afirma Alves, que prevê dobrar a quantidade de mototáxis
e de usuários no país, no final
de 2010, se for confirmada a regulamentação pelo Senado.
Há lugares do país onde a
concorrência das motocicletas
eliminou a presença dos ônibus. É o caso de Ariquemes
(RO), onde os moradores só
têm táxi ou mototáxi à disposição -no caso, por R$ 3.
"Uma empresa colocou ônibus por uns dois meses, mas desistiu", conta Sérgio Marcondes, ex-líder dos mototaxistas.
(ALENCAR IZIDORO)
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