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Rede pública está 3 anos atrás da particular
Aluno que termina ensino fundamental em escola particular sabe mais que formando do ensino médio público
Apesar disso, distância entre as redes diminuiu entre 2005 e 2009, segundo dados do Ministério da Educação
Carlos Cecconello/Folhapress
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Escola estadual Professora Rita Pinto de Araújo, em Sapopemba (zona leste), melhor entre as públicas da 5ª série na capital paulista
ANTÔNIO GOIS
DO RIO
ANGELA PINHO
DE BRASÍLIA
Apesar de a distância que
separa a rede pública e a particular ter caído de 2005 a
2009, um aluno que completa o ensino fundamental em
colégio privado sabe, em média, mais que um formado no
ensino médio público, com
três anos a mais de estudo.
Essas são constatações
que podem ser feitas a partir
dos resultados do Ideb, principal indicador do MEC de
avaliação da qualidade da
educação brasileira.
O ministério divulga hoje
dados por Estados, municípios e redes. O Ideb agrega
num único índice, numa escala que vai de zero a dez, taxas de aprovação de alunos e
médias em testes de português e de matemática.
De 2005 a 2009, a diferença entre a rede pública e a
particular caiu em todos os
níveis pesquisados.
A desigualdade entre as
duas redes, no entanto, é gritante ao comparar o quanto
um aluno de escola pública
aprendeu ao final do ensino
médio (antigo 2º grau), em
comparação com um da rede
privada que finalizou o fundamental (antigo 1º grau).
Como as provas do Saeb
(Sistema de Avaliação da
Educação Básica, um dos
componentes do Ideb) têm a
mesma escala e grau de dificuldade para todas as séries,
é possível comparar alunos
de diferentes anos.
Em matemática, por exemplo, a média dos estudantes
ao final do ensino fundamental na rede privada foi de 294
pontos numa escala de zero a
500. Na pública ao fim do ensino médio, a média é de 266.
Em português, a média foi
de 279 pontos em particulares no último ano do ensino
fundamental e 262 em públicas ao fim do médio.
SEM SURPRESAS
O sociólogo Simon
Schwartzman, do Instituto
de Estudos do Trabalho e Sociedade, diz não se surpreender com a distância.
"As escolas privadas têm
uma série de vantagens. Podem escolher o aluno, tirar o
indisciplinado, têm uma direção com mais autonomia.
Nas escolas públicas, isso é
mais rígido. Ou seja: se uma
escola privada tiver interesse
em melhores resultados, dá
para trabalhar para isso. Em
uma pública, é mais difícil."
Outro ponto a ser considerado é que o nível socioeconômico dos alunos é o fator
que, comprovadamente,
mais impacto tem nas suas
notas. Como os alunos de escolas particulares vêm de famílias mais ricas e escolarizadas, esta diferença não pode ser atribuída apenas ao
trabalho da escola.
O presidente da Undime
(entidade que representa os
secretários municipais de
educação), Carlos Eduardo
Sanches, diz que, considerando o quanto é gasto por
aluno em cada rede, a distância deveria ser maior.
Ele diz que o Fundeb [fundo que distribui recursos públicos por estudante] dá hoje
R$ 1.415 por ano por aluno,
enquanto uma mensalidade
em escola particular já fica,
em média, em torno de R$
800. "É claro que as públicas
precisam melhorar, mas,
com essa quantidade de recursos, o retrato do sistema
privado é que é dramático."
Schwartzman concorda,
lembrando que o ensino particular no Brasil, quando
comparado com o de outros
países no Pisa (exame internacional de avaliação do ensino), deixa a desejar.
"Mesmo as melhores particulares do Brasil são piores
do que as dos outros países.
São muito orientadas para
vestibulares, têm muitas matérias e o mesmo problema
com a má formação dos professores no setor público."
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