|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Apreensão de animais bate recorde em SP
Após queda em 2004, Estado apreendeu 25 mil bichos silvestres em 2005, de acordo com relatório da PM Ambiental
Coordenador da pesquisa diz que causas do salto são tanto o aumento da fiscalização como a maior atuação dos traficantes
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O número de animais silvestres apreendidos no Estado de
São Paulo bateu recorde histórico no ano passado. As apreensões voltaram a subir, após queda entre 2003 e 2004, e chegaram a 25.111, segundo relatório
da Polícia Militar Ambiental.
Os números fazem parte da
primeira base de dados organizada pela polícia, que também
mapeou os principais pontos
de apreensões no Estado.
Para o tenente Marcelo Robis Nassaro, que coordenou o
levantamento, as causas do salto são tanto o aumento da fiscalização -houve 7.059 operações em 2005, contra 4.094 de
2004- como a maior atuação
de quadrilhas especializadas.
O levantamento confirma
São Paulo como rota e destino
final de animais retirados das
matas em outros Estados -somente 18% deles vieram de solo
paulista. É um negócio lucrativo que, segundo as Nações Unidas, representa só no Brasil
uma movimentação financeira
anual de cerca de US$ 1,5 bilhão
-um terço do Orçamento da cidade de São Paulo.
A polícia identificou três focos principais de apreensões,
sempre ao longo das estradas:
rodovias que passam pela capital paulista -Dutra, Castello
Branco e Regis Bittencourt-,
Washington Luís e BR-153, que
cruza o Estado entre São José
do Rio Preto e Ourinhos.
A preferência dos traficantes,
na maioria das vezes, é por aves
-mais fáceis de transportar
clandestinamente e de vender-, como curió, canário-da-terra, e azulão. Um curió é vendido por pelo menos R$ 300,
mas pode alcançar valores bem
maiores fora do Brasil.
Diante dos números, a Polícia Ambiental enfrenta um
problema de difícil solução: onde manter os animais enquanto
eles não são levados de volta
para o habitat natural.
Para Jury Seino, analista ambiental do Ibama em São Paulo,
é preciso ampliar os centros de
triagem no Estado -existem
cinco, além de três em fase de
implementação-, mas a prioridade deve ser o combate ao tráfico de animais. "Eles [centros]
nunca serão suficientes, porque o tráfico continua. É preciso um trabalho na origem."
Esse combate, explica ela,
exige investigação e uso de serviço de inteligência, mas também maior consciência por
parte da população. "Apesar de
todo mundo se horrorizar ao
ver a foto do bicho preso, se
o tráfico existe é porque tem
consumidor."
Colaborou RICARDO GALLO, da Reportagem
Local
Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Desembargador morto reagiu a assalto, diz amigo Índice
|