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Desembargador morto reagiu a assalto, diz amigo
Vítima sacou pistola e gritou "sou o juiz Mello Porto"
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
Apesar de não descartar a hipótese de a morte do desembargador do Tribunal Regional
do Trabalho João Maria de Mello Porto, 68, ter sido encomendada por um desafeto, a principal linha de investigação da polícia é que o crime tenha sido
uma tentativa de roubo seguida
de morte. Depois do anúncio do
assalto, Porto saiu do carro, sacou sua pistola e gritou: "Sou o
juiz Mello Porto", segundo relato de seu acompanhante.
O desembargador foi morto
com sete tiros, seis deles na nuca, na av. Brasil. Ele estava no
banco do carona do Audi do
procurador federal e seu amigo,
José Domingos Teixeira Neto,
que nada sofreu. A arma do desembargador foi roubada.
Ontem, dois supostos traficantes foram presos, suspeitos
de terem participado do crime.
O principal suspeito já foi identificado pela polícia e está sendo procurado. Ele teria sido reconhecido por um outro motorista de um carro que estava
atrás do Audi.
Teixeira Neto contou que
ambos voltavam para casa, na
Barra da Tijuca, quando um
carro os fechou. Dele, saíram
três homens armados com pistolas. Dois foram para o lado de
Mello Porto e um para o lado
dele. Amigos e parentes contaram que o desembargador não
teria dúvida em reagir. "Ele
sempre dizia: "podem me levar,
mas não levam a minha dignidade". Ele morreu com a arma
na mão", disse o procurador.
Pela manhã, a polícia prendeu Adílson Gomes de Almeida, 27, o Romarinho, na Favela
Vila dos Pinheiros, no complexo da Maré. Ele estava com
uma metralhadora, um radiotransmissor e maconha e é suspeito de ser da quadrilha dos
assassinos de Mello Porto. À
tarde, a polícia prendeu outro
traficante, cujo nome não foi
divulgado.
O enterro, no cemitério São
João Batista, foi acompanhado
por pelo menos 200 pessoas,
entre elas o ex-presidente da
República Fernando Collor de
Mello, seu primo.
Mello Porto foi presidente do
TRT entre 1992 e 1994, época
em que usou seguranças. Em
1999, foi alvo de investigação da
CPI do Judiciário por supostas
irregularidades em sua gestão.
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