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Ensaio mostra diva Marilyn em sua última sessão de fotos
Em descompasso com o mito, lentes de Bert Stern, fotógrafo da revista Vogue,
revelam, no último ensaio produzido, uma Marilyn menos diva e mais Norma
Imagens foram feitas há 45
anos, um mês antes de
Marilyn Monroe, uma das
mulheres mais desejadas do
mundo, morrer de overdose
ADRIANA KÜCHLER
DA REVISTA DA FOLHA
Bert Stern não pensou duas
vezes. Com o "sim" de Marilyn
Monroe ao convite para um ensaio de fotos e carta-branca da
"Vogue" americana para clicar
o que quisesse, o fotógrafo de
moda desejou colocar a musa
na capa da revista.
Não precisou de muito. Levou somente lenços e jóias para
a suíte do hotel Bel-Air, em Los
Angeles, no dia 23 de junho de
1962. Foi ela quem perguntou:
"Você quer fazer nus?". Como
se em nenhum momento tivesse pensado nisso, ele pareceu
ceder: "Essa é uma boa idéia".
Foram as últimas fotos da diva, que morreu no dia 5 de agosto de 1962, há exatos 45 anos,
por overdose de barbitúricos.
Uma das mulheres mais desejadas do mundo, Marilyn não
passava por um bom momento,
contou à Revista por telefone,
de Nova York, o fotógrafo Bert
Stern, perto dos 80 (também
vaidoso, ele não revela a idade).
"Ela havia acabado de ser despedida de um filme, estava divorciada do último marido [o
dramaturgo Arthur Miller], tinha alguns homens diferentes.
E estava envelhecendo."
Bingo. Aquele seria o momento ideal para dar uma levantada na carreira -e na auto-estima- da loira platinada.
"Achei que colocá-la na capa da
Vogue seria uma boa idéia, original. Como uma revista de
moda, eles nunca haviam dado
uma capa com uma personalidade. Ela foi a primeira."
Aos 36 anos, depois do sucesso em "Os Desajustados" e começando a receber olhares
mais interessados da crítica,
Norma Jeane carregava uma
beleza madura, algumas ruguinhas e uma acentuada cicatriz
na barriga, resultado da cirurgia na vesícula pouco mais de
um mês antes do ensaio. "Era
uma grande cicatriz, mas não
me incomodou. Uma mulher
também pode ser bonita por
sua cicatriz", diz o fotógrafo.
De nudez e champanhe
Além de sedutora e fatal, nesse ensaio Marilyn também confirmou a fama de atrasada que
conquistou nos sets de filmagem. Deixou Stern esperando
por cinco horas. Para honrar
também a reputação de insegura, pediu três garrafas de champanhe Dom Pérignon -só para
ela. Com a loira relaxada, enfim, o ensaio durou quase 12
horas. "Era fácil trabalhar com
ela", lembra Stern. "Quis saber
sobre os filmes que eu fiz, era
muito curiosa. Muito divertida.
Engraçada, sexy, bonita."
Mas a beleza nua de Marilyn
não interessou à "Vogue".
"Quando eles viram como ela
estava linda, quiseram fazer um
ensaio de moda, com um vestido preto."
De 2.571 cliques feitos por
Stern em três dias, foram as
imagens com o vestido que a revista escolheu e que publicou
um dia após a morte da atriz.
As outras fotografias, as que
revelam uma Marilyn ao mesmo tempo deusa e mortal, com
caras, bocas, pinta e uma vesícula extraída -e visivelmente
mais magra depois da cirurgia-, foram publicadas em livros estrangeiros a partir de
1982 e integraram uma exposição sobre a diva em Nova York,
em 2004. No ano passado, o
material ganhou mostra exclusiva em Paris.
Exposição
Inéditas no Brasil, e antecipadas pela Revista, as fotos de
Bert Stern chegam por aqui
trazidas pela editora Sextante,
que em outubro publica um catálogo e organiza uma exposição no Museu de Arte Moderna
do Rio de Janeiro. A São Paulo,
chegam em 25 janeiro de 2008.
Veja mais em www.uol.com.br/revista
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