São Paulo, domingo, 05 de agosto de 2007

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Ensaio mostra diva Marilyn em sua última sessão de fotos

Em descompasso com o mito, lentes de Bert Stern, fotógrafo da revista Vogue, revelam, no último ensaio produzido, uma Marilyn menos diva e mais Norma

Imagens foram feitas há 45 anos, um mês antes de Marilyn Monroe, uma das mulheres mais desejadas do mundo, morrer de overdose

ADRIANA KÜCHLER
DA REVISTA DA FOLHA

Bert Stern não pensou duas vezes. Com o "sim" de Marilyn Monroe ao convite para um ensaio de fotos e carta-branca da "Vogue" americana para clicar o que quisesse, o fotógrafo de moda desejou colocar a musa na capa da revista.
Não precisou de muito. Levou somente lenços e jóias para a suíte do hotel Bel-Air, em Los Angeles, no dia 23 de junho de 1962. Foi ela quem perguntou: "Você quer fazer nus?". Como se em nenhum momento tivesse pensado nisso, ele pareceu ceder: "Essa é uma boa idéia".
Foram as últimas fotos da diva, que morreu no dia 5 de agosto de 1962, há exatos 45 anos, por overdose de barbitúricos.
Uma das mulheres mais desejadas do mundo, Marilyn não passava por um bom momento, contou à Revista por telefone, de Nova York, o fotógrafo Bert Stern, perto dos 80 (também vaidoso, ele não revela a idade). "Ela havia acabado de ser despedida de um filme, estava divorciada do último marido [o dramaturgo Arthur Miller], tinha alguns homens diferentes. E estava envelhecendo."
Bingo. Aquele seria o momento ideal para dar uma levantada na carreira -e na auto-estima- da loira platinada. "Achei que colocá-la na capa da Vogue seria uma boa idéia, original. Como uma revista de moda, eles nunca haviam dado uma capa com uma personalidade. Ela foi a primeira."
Aos 36 anos, depois do sucesso em "Os Desajustados" e começando a receber olhares mais interessados da crítica, Norma Jeane carregava uma beleza madura, algumas ruguinhas e uma acentuada cicatriz na barriga, resultado da cirurgia na vesícula pouco mais de um mês antes do ensaio. "Era uma grande cicatriz, mas não me incomodou. Uma mulher também pode ser bonita por sua cicatriz", diz o fotógrafo.

De nudez e champanhe
Além de sedutora e fatal, nesse ensaio Marilyn também confirmou a fama de atrasada que conquistou nos sets de filmagem. Deixou Stern esperando por cinco horas. Para honrar também a reputação de insegura, pediu três garrafas de champanhe Dom Pérignon -só para ela. Com a loira relaxada, enfim, o ensaio durou quase 12 horas. "Era fácil trabalhar com ela", lembra Stern. "Quis saber sobre os filmes que eu fiz, era muito curiosa. Muito divertida. Engraçada, sexy, bonita."
Mas a beleza nua de Marilyn não interessou à "Vogue". "Quando eles viram como ela estava linda, quiseram fazer um ensaio de moda, com um vestido preto."
De 2.571 cliques feitos por Stern em três dias, foram as imagens com o vestido que a revista escolheu e que publicou um dia após a morte da atriz.
As outras fotografias, as que revelam uma Marilyn ao mesmo tempo deusa e mortal, com caras, bocas, pinta e uma vesícula extraída -e visivelmente mais magra depois da cirurgia-, foram publicadas em livros estrangeiros a partir de 1982 e integraram uma exposição sobre a diva em Nova York, em 2004. No ano passado, o material ganhou mostra exclusiva em Paris.

Exposição
Inéditas no Brasil, e antecipadas pela Revista, as fotos de Bert Stern chegam por aqui trazidas pela editora Sextante, que em outubro publica um catálogo e organiza uma exposição no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. A São Paulo, chegam em 25 janeiro de 2008.

Veja mais em www.uol.com.br/revista

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