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Linhas regionais para transporte de passageiros também estão em estudo
DA SUCURSAL DO RIO
A retomada do transporte de
passageiros por trem está em
discussão no momento tanto
na ligação entre cidades grandes -como é o caso do projeto
de trem de alta velocidade entre o Rio de Janeiro e São Paulo- quanto na identificação de
linhas regionais.
A maior dificuldade desses
projetos, especialmente no caso de cidades maiores, é conciliar o transporte de carga com o
de passageiros.
"Ninguém vai querer pegar
um trem que leve nove horas
para chegar do Rio a São Paulo.
O que defendemos é a discussão sobre a utilização de trens
de alta velocidade, que não podem usar os mesmos trilhos
que os de carga. Fazer isso seria
o mesmo que colocar um mercedes para andar na marginal
Tietê, em São Paulo, na hora do
rush. Sua velocidade será a
mesma da de um fusquinha",
afirma Guilherme Quintella,
presidente da Agência de Desenvolvimento de Trens Rápidos Entre Municípios.
Para Quintella, apesar dos altos investimentos envolvidos, o
projeto é viável. "Trem de passageiro no Brasil é tratado como disco voador. Todo mundo
já ouviu falar, alguns acreditam, mas quase todos tratam
como ficção científica. Hoje há,
no mundo, 200 projetos de
trens de alta velocidade em implementação."
O empresário de ônibus interestaduais Tarcísio Schettino
se diz cético "por experiência".
Ele foi um dos sócios do "Trem
de Prata", que, de 1994 a 1998,
ofereceu um "hotel sobre rodas" com camas de casal, restaurante sob comando de chefs
renomados, bar com mesas de
granito e sofás. A viagem durava 9 horas e custava US$ 150.
Ele conta que o trem passou a
sofrer contínuos atrasos porque a composição era obrigada
a ficar parada aguardando a travessia dos trens de carga.
Schettino diz também não
acreditar mais na viabilidade
de trens de passageiros entre
Rio de Janeiro e São Paulo porque o relevo encarece muito a
construção de trilhos exclusivos para tráfego em alta velocidade e, nos trilhos atuais, a velocidade é limitada.
Para não ficar apenas na discussão de projetos que envolvem a soma de bilhões de reais,
o BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) optou também por
identificar, em parceria com a
Coppe/UFRJ, linhas regionais
que pudessem despertar o interesse de investidores privados
ou justificar um investimento
público de cunho social.
Foram identificados preliminarmente 64 trechos onde o
uso da malha ferroviária era
nulo ou muito pequeno.
Após consulta a municípios e
Estados, foram hierarquizados
14 trechos em trajetos regionais inferiores a 200 km.
O próximo passo do projeto é
atrair investidores privados
com financiamento ou viabilizar parcerias entre os poderes
público e privado.
"Partimos do principio de
que é possível, com investimento relativamente baixo na
recuperação da infra-estrutura, reativar alguns trechos. Estamos investindo nessa iniciativa não apenas pelo transporte, mas também considerando
o trem de passageiros como vetor de desenvolvimento regional", diz Ana Christina Maia,
chefe do departamento de desenvolvimento urbano e regional do banco.
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