São Paulo, domingo, 05 de agosto de 2007

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Linhas regionais para transporte de passageiros também estão em estudo

DA SUCURSAL DO RIO

A retomada do transporte de passageiros por trem está em discussão no momento tanto na ligação entre cidades grandes -como é o caso do projeto de trem de alta velocidade entre o Rio de Janeiro e São Paulo- quanto na identificação de linhas regionais.
A maior dificuldade desses projetos, especialmente no caso de cidades maiores, é conciliar o transporte de carga com o de passageiros.
"Ninguém vai querer pegar um trem que leve nove horas para chegar do Rio a São Paulo. O que defendemos é a discussão sobre a utilização de trens de alta velocidade, que não podem usar os mesmos trilhos que os de carga. Fazer isso seria o mesmo que colocar um mercedes para andar na marginal Tietê, em São Paulo, na hora do rush. Sua velocidade será a mesma da de um fusquinha", afirma Guilherme Quintella, presidente da Agência de Desenvolvimento de Trens Rápidos Entre Municípios.
Para Quintella, apesar dos altos investimentos envolvidos, o projeto é viável. "Trem de passageiro no Brasil é tratado como disco voador. Todo mundo já ouviu falar, alguns acreditam, mas quase todos tratam como ficção científica. Hoje há, no mundo, 200 projetos de trens de alta velocidade em implementação."
O empresário de ônibus interestaduais Tarcísio Schettino se diz cético "por experiência". Ele foi um dos sócios do "Trem de Prata", que, de 1994 a 1998, ofereceu um "hotel sobre rodas" com camas de casal, restaurante sob comando de chefs renomados, bar com mesas de granito e sofás. A viagem durava 9 horas e custava US$ 150.
Ele conta que o trem passou a sofrer contínuos atrasos porque a composição era obrigada a ficar parada aguardando a travessia dos trens de carga.
Schettino diz também não acreditar mais na viabilidade de trens de passageiros entre Rio de Janeiro e São Paulo porque o relevo encarece muito a construção de trilhos exclusivos para tráfego em alta velocidade e, nos trilhos atuais, a velocidade é limitada.
Para não ficar apenas na discussão de projetos que envolvem a soma de bilhões de reais, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) optou também por identificar, em parceria com a Coppe/UFRJ, linhas regionais que pudessem despertar o interesse de investidores privados ou justificar um investimento público de cunho social.
Foram identificados preliminarmente 64 trechos onde o uso da malha ferroviária era nulo ou muito pequeno.
Após consulta a municípios e Estados, foram hierarquizados 14 trechos em trajetos regionais inferiores a 200 km.
O próximo passo do projeto é atrair investidores privados com financiamento ou viabilizar parcerias entre os poderes público e privado.
"Partimos do principio de que é possível, com investimento relativamente baixo na recuperação da infra-estrutura, reativar alguns trechos. Estamos investindo nessa iniciativa não apenas pelo transporte, mas também considerando o trem de passageiros como vetor de desenvolvimento regional", diz Ana Christina Maia, chefe do departamento de desenvolvimento urbano e regional do banco.


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