São Paulo, terça-feira, 05 de agosto de 2008

Próximo Texto | Índice

O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.

Beira-Mar e Abadía se uniram para achacar juízes, afirma PF

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ

Os dois narcotraficantes presos no país, o brasileiro Luiz Fernando da Costa, 41, o Fernandinho Beira-Mar, e o colombiano Juan Carlos Abadía, 45, se uniram dentro de um presídio federal para extorquir dinheiro mediante seqüestro de autoridades, atacar a unidade e fazer emboscadas durante transferências de presos, segundo a Polícia Federal e o diretor do Sistema Penitenciário Federal, Wilson Damázio.
A PF anunciou ontem ter desarticulado a organização -que ainda não teria atuado- durante a Operação X. O principal alvo do grupo, afirma a polícia, seriam membros do Judiciário. Os nomes das eventuais vítimas não foram revelados.
Foram expedidos oito mandados de busca e apreensão, sendo que quatro das oito pessoas já estavam presas, como Abadía e Beira-Mar, que estavam na Penitenciária Federal de Campo Grande (MS), de segurança máxima. Eles foram transferidos para a sede da PF em Campo Grande.
Entre os quatro presos ontem estão o advogado Vladimir Búlgaro, detido em São Paulo, e Ivana Pereira de Sá, 43, ex-mulher de Fernandinho Beira-Mar presa quando chegava para visitá-lo na penitenciária de Campo Grande.
Os demais presos são José Reinaldo Girotti, 37, e João Paulo Barbosa, 27, que também estavam detidos no presídio de Campo Grande. Leandro Oliveira Oliveira dos Santos, 18, e Leonice de Oliveira, 35, foram presos em Andradina (MS).
Segundo a PF, os oito são acusados de formação de quadrilha e ficarão na sede da PF na capital de Mato Grosso do Sul. A investigação, iniciada há alguns meses, foi conduzida pela Diretoria de Inteligência da Polícia Federal.
Sem revelar detalhes sobre as investigações, o diretor do Sistema Penitenciário Federal, Wilson Damázio, disse que o setor de inteligência do presídio havia identificado três objetivos principais da quadrilha.
"O primeiro ponto eram ataques coordenados à unidade, como o que ocorreu em abril. Depois estavam previstas emboscadas a comboios durante transferência de presos. Por fim, haveria tentativas de extorsão [de dinheiro], mediante seqüestro de autoridades."
Considerada a mais segura do país, a Penitenciária Federal de Campo Grande abriga cerca de 160 presos. Em 13 de abril, a unidade foi atacada a tiros por um grupo armado. Os agentes que estavam de plantão reagiram e houve tiroteio durante cerca 15 minutos. Granadas e bombas de efeito moral foram usados pelos agentes. Os agressores fugiram sem causar grandes danos ou deixar feridos, mas, para a administração da unidade, o ataque teria sido apenas um "teste de força".

Advogado
O advogado Luiz Bataglin, que representa Beira-Mar e Abadía, se disse ontem surpreso com a operação da PF.
Afirmou que, por não conhecer o teor da acusação contra seus clientes, recomendou que ambos exercessem o "direito ao silêncio" em depoimentos à PF.
Bataglin disse considerar "sem sentido" uma eventual participação de Abadía em um esquema de seqüestros e extorsão. "Ele já disse que prefere cumprir pena nos EUA e está com a extradição autorizada. Participar de algo assim neste momento não tem lógica."
Sobre Beira-Mar, o advogado disse que ele nunca comentou sobre a suposta articulação. Mas ressalvou: "É claro que a gente sempre pode se surpreender".


Próximo Texto: Criminosos mantêm família refém por 4 horas em Carapicuíba
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.