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Promotoria relata propina na merenda
Promotores dizem que empresas deram dinheiro nas gestões Marta, Serra e Kassab para manter serviço e pedem suspensão de contratos
Ministério Público afirma que acusações são baseadas em cerca de dez depoimentos e em comprovantes de saques feitos pelas terceirizadas
Marlene Bergamo - 17.fev.09/Folha Imagem
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Merendeiras preparam lanche de alunos de escola municipal da capital paulista
ALENCAR IZIDORO
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público Estadual entrou ontem com ação na
Justiça para tentar impedir a
continuidade dos contratos
terceirizados da merenda escolar na cidade de São Paulo sob a
justificativa de que eles têm sido feitos e mantidos nos últimos oito anos em razão do pagamento de propina a agentes
públicos e fraude em licitações.
O processo cita que os "pagamentos de comissões" por seis
empresas que fornecem a merenda "atingiam e ainda atingem cerca de 10% do valor cobrado" da prefeitura -a estimativa dos novos contratos
passa de R$ 35 milhões/mês.
A Promotoria diz que, conforme a investigação em curso,
esse esquema "nefasto" foi iniciado na gestão Marta Suplicy
(PT), em 2001, e continuou nas
gestões José Serra (PSDB) e
Gilberto Kassab (DEM).
"Durante esse tempo todo
houve pagamento de propina",
disse -citando se basear em relatos de testemunhas- Arthur
Pinto de Lemos Jr., promotor
que investiga a merenda ao lado de Silvio Antonio Marques.
A Promotoria, porém, só
identifica pessoas da gestão petista que seriam favorecidas
com os pagamentos. Afirma
que, nas demais, os envolvidos
ainda estão sob investigação.
Os promotores não apresentaram provas materiais. Afirmaram que as acusações são
baseadas em depoimentos (dizem que em torno de dez citam
a propina) e em comprovantes
de saques de grandes volumes
de dinheiro pelas empresas.
As citadas no esquema que
eles chamam de "máfia da merenda" são: SP Alimentação,
Geraldo J Coan, Sistal, Nutriplus, Convida e Terra Azul.
Com base no depoimento de
uma testemunha mantida sob
sigilo (denominada "Sr. X" sob
a alegação de segurança), a Promotoria citou nominalmente a
ex-prefeita Marta Suplicy e seu
ex-secretário de Abastecimento Valdemir Garreta como destinatários de propina e de R$ 1
milhão para a campanha de
2000 em troca de contrato futuro com as empresas.
A mesma testemunha disse
em depoimento em 11 de março
de 2009, segundo consta da
ação da Promotoria, que "dois
ex-prefeitos receberam vantagens ilícitas expressivas para
implantar ou continuar" com a
terceirização da merenda.
O atual governador Serra e
Marta são os únicos "ex-prefeitos" desde que esse sistema de
merenda terceirizada foi implantado. O tucano, entretanto,
não é citado nominalmente na
ação -a Promotoria não explicou oficialmente a razão. O nome do prefeito Kassab também
não é citado em nenhum momento -embora na ação os
promotores afirmem que os pagamentos continuaram a ser
feitos na atual gestão.
A Promotoria pede no processo que a Justiça impeça, por
liminar, que a gestão Kassab assine contratos com as vencedoras de um novo pregão (que deve ser concluído nesta semana)
ou que prorrogue os contratos
com as seis empresas que prestam os serviços atualmente
(quatro das quais venceram 8
dos 14 lotes da nova licitação).
Os promotores dizem que as
empresas e pessoas acusadas
de corrupção ou irregularidades serão alvo de outros processos penais e por improbidade administrativa após a conclusão das investigações.
O atual secretário da Educação, Alexandre Schneider, também é citado na ação. Segundo
os promotores, ele está "indelevelmente envolvido nas irregularidades" porque "tinha ciência das diversas irregularidades
praticadas e da péssima qualidade da merenda", mas não impediu que as empresas participassem de nova licitação.
A Promotoria diz ainda que
as empresas se envolveram em
cartel nas últimas licitações
-combinando os preços.
Argumenta também que elas
fornecem comida de "péssima
qualidade", conforme relatórios do Conselho de Alimentação Escolar, e que preços são ao
menos 30% superiores aos da
merenda feita pelo município.
Para a Promotoria, a prefeitura deveria abandonar a terceirização da merenda.
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