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SAÚDE
Promotoria de São Paulo tenta evitar via-sacra de gestantes por hospitais
Promotor quer local de parto por escrito
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Promotoria da Infância e da
Juventude de São Paulo decidiu
pedir às secretarias municipal e
estadual da Saúde que firmem um
compromisso que garanta que toda gestante, ao terminar o pré-natal, receba, por escrito, a indicação
da maternidade ou do hospital
onde terá o seu bebê.
A decisão teve como base reportagem da Folha publicada ontem
que mostra a peregrinação de grávidas em trabalho de parto pelas
maternidades da rede pública.
Segundo pesquisa realizada pela enfermeira obstetra Rosely Erclach Goldman, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo),
76% das mulheres em trabalho de
parto que passaram pelo Amparo
Maternal, entidade filantrópica
que atende grávidas de baixo risco, tiveram de percorrer dois ou
mais hospitais antes de serem internadas. A pesquisa, feita como
tese de doutorado de Rosely, ouviu 520 gestantes de baixa renda
no segundo semestre de 2000. A
causa da peregrinação, segundo
ela, é que a maioria das gestantes
não recebe orientação, no final do
pré-natal, sobre qual maternidade deve procurar para o parto.
Segundo o promotor Vidal Serrano Nunes Júnior, que instaurou
inquérito para que as secretarias
apurem o caso, a situação é "inadmissível". Ele afirma que o Estatuto da Criança e do Adolescente assegura à gestante o atendimento
pré e perinatal, bem como o seu
encaminhamento a hospitais na
hora do parto.
Segundo Adalgisa Borges Nogueira Nomura, 50, coordenadora do plantão controlador de vagas da região metropolitana, da
Secretaria de Estado da Saúde, todas as gestantes, ao terminarem o
pré-natal, já deveriam estar sendo
informadas pelos ginecologistas
sobre qual maternidade procurar
na hora de ter o bebê.
Caso não haja vaga no hospital
indicado, afirma Adalgisa, existe
um serviço público responsável
por mapear as maternidades da
rede com leitos disponíveis e indicar aquela mais perto da gestante.
Adalgisa diz que existem 15
plantões na cidade que rastreiam
uma vaga no hospital mais próximo. Caso não haja vaga na região,
é acionado o serviço metropolitano, que vai procurar lugar nos 150
hospitais públicos e conveniados
existentes na capital paulista.
A pesquisa mostra que 80,4%
das gestantes realizaram o pré-natal na rede pública de saúde.
Dessas, 51% fizeram menos de
seis consultas, o mínimo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Para Nunes Júnior, é fundamental que a indicação da maternidade seja dada por escrito à gestante, e não apenas dita pelo seu
ginecologista. "A responsabilidade não é do médico. O serviço público de saúde tem que garantir o
atendimento antecipadamente."
Ele afirma que, se o compromisso entre as secretarias não for firmado, o próximo passo será ingressar com uma ação civil pública para estabelecer uma multa a
ser paga pelo poder público para
cada grávida que não receber a indicação do local de parto após o
pré-natal. Ontem, o promotor encaminhou ofícios solicitando informações às secretarias da Saúde, à Unifesp e ao Amparo Maternal. As secretarias têm 15 dias de prazo para explicar o motivo da peregrinação das gestantes.
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