São Paulo, quinta-feira, 05 de setembro de 2002

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Tiroteio fecha a Linha Vermelha

TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO

Um arrastão, seguido de uma troca de tiros entre policiais e traficantes, levou pânico aos motoristas que passavam pela Linha Vermelha (via expressa que liga a zona norte do Rio à Baixada Fluminense) no final da noite de anteontem.
O chefe-de-gabinete da Polícia Civil, delegado Pedro Paulo Pinho, estava passando pelo local no momento do arrastão e ordenou o fechamento da via por mais de uma hora.
A decisão foi defendida pelo chefe da Polícia Civil, delegado Zaqueu Teixeira, que declarou que as pistas foram fechadas para "preservar os motoristas".
De acordo com a polícia, traficantes do complexo da Maré (zona norte da cidade) aproveitaram um engarrafamento provocado por um pequeno acidente que envolveu uma moto e um ônibus, ocorrido por volta das 23h, na altura da ilha do Fundão, para assaltar os motoristas.
Os ocupantes de um carro da Polícia Civil que passava pelo local trocou tiros com os traficantes. Os motoristas entraram em pânico. Alguns deram marcha a ré para tentar sair da linha de tiro. Outros permaneceram abaixados dentro dos carros, esperando o fim do tiroteio.
Os traficantes fugiram. O delegado Pinho, que estava no carro da polícia, pediu reforço e determinou que um comboio de carros da Polícia Civil fosse atrás dos criminosos.
A Linha Vermelha foi patrulhada durante horas pela Polícia Civil, com ajuda do Getam (Grupamento Especial Tático-Móvel da Polícia Militar), mas ninguém foi preso.
Os policiais também montaram uma blitz na altura do Caju (zona norte do Rio), que durou a madrugada toda.

Alvo constante
As vias expressas do Rio têm sido alvo constante da ação de criminosos. No último domingo, o inspetor Marcos Augusto de Paula teria sido capturado por um "bonde" (comboio de traficantes armados) na avenida Brasil e assassinado.
Horas antes, o vice-presidente do Parlamento angolano, deputado Julião Paulo, e a mulher, Rosa Cunha, foram assaltados na avenida Perimetral (centro), pouco depois de desembarcarem no Aeroporto Internacional (zona norte). Os assaltantes, em dois carros, levaram bagagem, documentos e US$ 2.500.
No sábado, Antônio Carlos dos Santos Machado, 26, foi morto com um tiro de fuzil na Linha Amarela (via expressa que liga as zonas norte e oeste) quando viajava com a torcida do Fluminense em um ônibus para Curitiba (PR).
Ontem de manhã, o prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), criticou o policiamento das vias expressas. Comentando os frequentes tiroteios, ele sugeriu a municipalização da Linha Vermelha e disse que, com o dinheiro economizado na manutenção da via, o Estado investiria na segurança.
A governadora do Rio de Janeiro, Benedita da Silva (PT), afirmou que a situação de violência no Estado, como os tiroteios nas vias expressas, já vem acontecendo há algum tempo. De acordo com Benedita, os governos municipal, estadual e federal precisam "dar as mãos para trabalhar no combate à violência no Estado".


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