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AMBIENTE
Decisão da qual não cabe recurso dá à prefeitura prazo de 90 dias para a retirada da pavimentação, sob pena de multa
Asfalto de ciclovia do Ibirapuera será retirado
MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL
A Prefeitura de São Paulo tem o
prazo de três meses para retirar a
camada de asfalto que cobre a ciclovia do parque Ibirapuera, na
zona sul da capital, sob pena de
multa diária de 50 salários mínimos, equivalente a R$ 10 mil.
Na ocasião da construção da
pista de três quilômetros de extensão, em 1993, na gestão Paulo
Maluf (1993-1996), foi desrespeitada a indicação do Condephaat
(Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de
São Paulo) para que o piso utilizado fosse de saibro (mesmo material de algumas quadras de tênis).
Como o Ibirapuera é tombado
desde 1992, qualquer projeto de
obra no parque tem de seguir as
determinação do órgão estadual e
precisa obter sua autorização prévia. Por causa do desrespeito, o
Ministério Público entrou com
uma ação contra a prefeitura em
1994, pedindo a retirada da cobertura irregular da ciclovia.
Para refazer a pista, a administração municipal terá, agora, de
esperar orientação e aprovação
do conselho. A decisão, em última
instância (da qual não cabe mais
recurso), foi dada ontem pelo juiz
Régis Rodrigues Bonvicino, da 3ª
Vara da Fazenda Pública.
O prazo de 90 dias começa a valer a partir da sua publicação no
"Diário Oficial". Em seu despacho, Bonvicino confirma a inadequação da ciclovia -já determinada pela primeira instância judicial e pelo Supremo Tribunal Federal- e ressalta que a sua pavimentação, além de descaracterizar um patrimônio público, representa ainda um prejuízo à permeabilidade do terreno.
A Justiça já havia dado à prefeitura um prazo para que apresentasse um projeto para a remoção
do asfalto, o que não aconteceu.
Mesmo reconhecendo a irregularidade da ciclovia, o diretor do
Depave (Departamento de Parques e Áreas Verdes, que cuida
dos parques municipais), Caio
Boucinhas, afirmou que o município recorreu enquanto pôde da
obrigação de refazer a pista.
A obra vai representar um "custo significativo" para os cofres públicos, diz ele, sem especificar, porém, valores. "Agora só nos resta
cumprir a decisão", completou.
Na avaliação de Boucinhas, a remoção do asfalto da ciclovia poderá aumentar ainda mais o número de bicicletas que transitam
pelas áreas de pedestres do Ibirapuera, principalmente nos fins de
semana. "Enquanto o novo piso
não for colocado, espero que o
Parque das Bicicletas [na av. República do Líbano" dê conta."
Quando quis proibir o tráfego
de ciclistas no Ibirapuera, em
2000, o ex-prefeito Celso Pitta
(PSL) sustentava que ocorriam no
parque, a cada fim de semana,
cerca de 60 acidentes envolvendo
pedestres e bicicletas.
"Se for por causa de impermeabilização, temos um plano de tornar permeáveis 20 mil m2 [1,25% da área total do parque, de 1,6
km2], substituindo as calçadas por
gramado. Isso foi oferecido como
compensação, mas não foi aceito". O projeto citado, entretanto,
ainda não tem data para começar.
"Estamos esperando os recursos", afirma Boucinhas.
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