UOL


São Paulo, sexta-feira, 05 de setembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

JUSTIÇA

Pena é de 77 anos de prisão; acusada de liderar suposta seita que castrava e assassinava garotos no Pará também foi detida

Médico é condenado por morte de meninos

MAURO ALBANO
DA AGÊNCIA FOLHA

Dois supostos integrantes da seita acusada de castrar e assassinar meninos em Altamira, no sudoeste do Pará, tiveram sua prisão preventiva decretada ontem.
Um deles, o médico Anísio Ferreira de Souza, foi condenado a 77 anos de prisão.
Acusada de liderar a seita, Valentina de Andrade foi detida pela manhã, quando entrou no Tribunal de Justiça do Pará, e foi levada ao Centro de Recuperação Feminino, na região metropolitana de Belém, onde deverá aguardar seu julgamento.
A ordem foi dada pelo juiz Ronaldo Valle, que preside o julgamento dos cinco acusados de pertencer à seita. Ele disse ter recebido informação da Polícia Federal de que Andrade teria tentado fugir do país na terça-feira.
De acordo com a Polícia Federal, ela iria embarcar às 9h, no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (Grande SP), num vôo da Varig que a levaria a Buenos Aires, na Argentina. Ela teria desistido, abandonado seus documentos no aeroporto e se hospedado num hotel com o nome falso de "Valentina Munhoz".
O juiz já havia afirmado que decretaria a prisão de Andrade se ela não se apresentasse ao júri até o final da sessão de julgamento do médico -encerrado ontem, com a condenação dele.
A defesa de Andrade alegava que ela, que mora em Londrina (PR), estava com problemas de saúde e não poderia se apresentar. Sua prisão preventiva foi decretada assim que Andrade entrou Tribunal de Justiça.
De acordo com o juiz, a medida visa garantir que o julgamento dela seja realizado. O advogado de Andrade, Américo Leal, não foi localizado pela Agência Folha para comentar a prisão. Sua secretária disse que ele estava viajando.
No final da tarde, o Tribunal do Júri condenou o médico Anísio Ferreira de Souza a 77 anos de prisão em regime fechado. Sua prisão preventiva foi decretada logo após a decisão.
O médico foi considerado culpado por três homicídios e duas tentativas de homicídio.
Na sexta-feira passada, o ex-policial militar Carlos Alberto dos Santos e o comerciante Amailton Madeira Gomes foram condenados, respectivamente, a 35 anos e a 57 anos de prisão.

Novos julgamentos
Ainda faltam os julgamentos do também médico Césio Flávio Caldas Brandão, que deve começar no dia 8, e o de Andrade, dia 22.
O grupo é acusado de ser responsável pela castração de nove meninos e do assassinato de seis deles, entre 1989 e 1993. Todos negam as acusações. As vítimas tinham entre 8 e 14 anos e todas eram do sexo masculino.
O advogado do médico condenado ontem, Janio Siqueira, disse que vai recorrer da decisão. Segundo ele, não há provas contra seu cliente.
Siqueira afirmou ainda que, em 1992, três dos acusados estavam presos e mesmo assim os crimes continuaram a acontecer.


Texto Anterior: Vestibular: Manifestantes invadem prédio da Fuvest
Próximo Texto: Evento: Médico discute morte na "Semana Sinapse"
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.