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TRÂNSITO
Denatran propõe que motoristas façam exame para renovar habilitação
Governo deixa inspeção veicular para fim de 2004
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Imobilizado pela falta de recursos difundida na Esplanada dos
Ministérios, o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito)
prevê para 2004 uma atuação
mais incisiva do governo federal
sobre a questão do trânsito centrada em três eixos: inspeção veicular, validação para a habilitação
e campanha de propaganda.
"Cerca de um terço da frota troca de mãos todos os anos. A inspeção veicular vai acabar moralizando o mercado de carro velho",
disse Ailton Brasiliense Pires, diretor do departamento.
Após seis consultas públicas, o
Denatran começa a delinear a forma final do projeto de inspeção
veicular. A idéia é encaminhar o
texto à Casa Civil na primeira
quinzena deste mês para que siga
ao Congresso como projeto de lei.
O que já está decidido: carros de
passeio devem fazer o teste a cada
dois anos, automóveis zero quilômetro só precisarão passar pela
inspeção quando terminar a garantia do fabricante e táxis, ônibus e caminhões devem passar
pela avaliação a cada seis meses.
"Pensamos em fazer uma resolução do Contran [Conselho Nacional de Trânsito], mas a discussão no Congresso ganha os jornais e deixa mais pessoas envolvidas na questão", disse Pires.
Segundo o diretor do Denatran,
a inspeção deve começar no fim
de 2004. Será feita uma licitação
nacional para que empresas ou
governos estaduais e municipais
disputem lotes. A avaliação é prevista no Código de Trânsito Brasileiro, mas falta regulamentação.
O simples credenciamento de
empresas interessadas foi descartado pelo governo. Como opções
para a licitação está a concessão
do serviço por um determinado
prazo ou a contratação de empresas. "Ou fazemos um processo todo federal ou o governo federal licita e os Estados administram."
O mais importante para o bolso
do motorista, o preço da inspeção, ainda não foi definido justamente porque faltam os detalhes
da licitação.
Uma empresa que explore a região metropolitana de São Paulo,
por exemplo, receberá o investimento feito na compra de equipamentos mais rápido que outra,
responsável pela Amazônia.
Segundo Pires, antes de iniciar a
inspeção, o governo vai realizar
uma campanha de propaganda
para alertar os motoristas sobre a
importância do teste. "Se não for
precedida de campanha, vão dizer que estou criando uma máquina de fazer dinheiro."
Todos os veículos, inclusive
motos e caminhões, terão de passar pelo exame, que verificará 150
componentes do automóvel
-freios, suspensão e emissão de
gases, entre outros. O teste deve
durar cerca de 20 minutos.
Segundo Pires, o único item capaz de reprovar será o freio. Se algum dos outros estiver fora das
normas -da ABNT (Associação
Brasileira de Normas Técnicas) e
do Conama (Conselho Nacional
de Meio Ambiente)-, novo exame terá de ser feito em 30 dias.
Ainda não foi decidido se o motorista terá de pagar nova taxa depois desse prazo.
"Não queremos somente impor
uma inspeção. Queremos reduzir
o número de acidentes e que o
motorista deixe de ser enganado
em oficina", afirmou.
"Enem" da habilitação
Pires diz que deve instituir um
exame para os motoristas durante
a renovação da carteira. O objetivo é verificar se a habilitação deve
ou não ser renovada.
"Seria um tipo de Enem [Exame
Nacional do Ensino Médio] para
motorista. Tenho que pensar até
onde posso pedir para que o exame seja refeito."
O formato jurídico do teste deve
ser uma espécie de curso de direção defensiva, também previsto
no Código de Trânsito Brasileiro e
ainda sem regulamentação.
Os motoristas que fossem reprovados teriam que fazer novos
treinos e a prova prática para ter a
carteira de volta.
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