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São Paulo, sexta-feira, 05 de setembro de 2003

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TRÂNSITO

Denatran propõe que motoristas façam exame para renovar habilitação

Governo deixa inspeção veicular para fim de 2004

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Imobilizado pela falta de recursos difundida na Esplanada dos Ministérios, o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) prevê para 2004 uma atuação mais incisiva do governo federal sobre a questão do trânsito centrada em três eixos: inspeção veicular, validação para a habilitação e campanha de propaganda.
"Cerca de um terço da frota troca de mãos todos os anos. A inspeção veicular vai acabar moralizando o mercado de carro velho", disse Ailton Brasiliense Pires, diretor do departamento.
Após seis consultas públicas, o Denatran começa a delinear a forma final do projeto de inspeção veicular. A idéia é encaminhar o texto à Casa Civil na primeira quinzena deste mês para que siga ao Congresso como projeto de lei.
O que já está decidido: carros de passeio devem fazer o teste a cada dois anos, automóveis zero quilômetro só precisarão passar pela inspeção quando terminar a garantia do fabricante e táxis, ônibus e caminhões devem passar pela avaliação a cada seis meses.
"Pensamos em fazer uma resolução do Contran [Conselho Nacional de Trânsito], mas a discussão no Congresso ganha os jornais e deixa mais pessoas envolvidas na questão", disse Pires.
Segundo o diretor do Denatran, a inspeção deve começar no fim de 2004. Será feita uma licitação nacional para que empresas ou governos estaduais e municipais disputem lotes. A avaliação é prevista no Código de Trânsito Brasileiro, mas falta regulamentação.
O simples credenciamento de empresas interessadas foi descartado pelo governo. Como opções para a licitação está a concessão do serviço por um determinado prazo ou a contratação de empresas. "Ou fazemos um processo todo federal ou o governo federal licita e os Estados administram."
O mais importante para o bolso do motorista, o preço da inspeção, ainda não foi definido justamente porque faltam os detalhes da licitação.
Uma empresa que explore a região metropolitana de São Paulo, por exemplo, receberá o investimento feito na compra de equipamentos mais rápido que outra, responsável pela Amazônia.
Segundo Pires, antes de iniciar a inspeção, o governo vai realizar uma campanha de propaganda para alertar os motoristas sobre a importância do teste. "Se não for precedida de campanha, vão dizer que estou criando uma máquina de fazer dinheiro."
Todos os veículos, inclusive motos e caminhões, terão de passar pelo exame, que verificará 150 componentes do automóvel -freios, suspensão e emissão de gases, entre outros. O teste deve durar cerca de 20 minutos.
Segundo Pires, o único item capaz de reprovar será o freio. Se algum dos outros estiver fora das normas -da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e do Conama (Conselho Nacional de Meio Ambiente)-, novo exame terá de ser feito em 30 dias.
Ainda não foi decidido se o motorista terá de pagar nova taxa depois desse prazo.
"Não queremos somente impor uma inspeção. Queremos reduzir o número de acidentes e que o motorista deixe de ser enganado em oficina", afirmou.

"Enem" da habilitação
Pires diz que deve instituir um exame para os motoristas durante a renovação da carteira. O objetivo é verificar se a habilitação deve ou não ser renovada.
"Seria um tipo de Enem [Exame Nacional do Ensino Médio] para motorista. Tenho que pensar até onde posso pedir para que o exame seja refeito."
O formato jurídico do teste deve ser uma espécie de curso de direção defensiva, também previsto no Código de Trânsito Brasileiro e ainda sem regulamentação.
Os motoristas que fossem reprovados teriam que fazer novos treinos e a prova prática para ter a carteira de volta.


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