|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mulher cria aversão pelo transporte
DA REPORTAGEM LOCAL
O trauma causado por um assédio que sofreu há quase 30 anos
levou Cristina Kaufmann, 46, a
criar uma aversão pelo transporte
coletivo na cidade de São Paulo.
Hoje ela só se desloca de carro e
nunca deixou que a filha, atualmente com 21 anos, andasse de
ônibus e nem mesmo metrô na
capital paulista. "Se precisar, ela
pega um táxi", diz Kaufmann.
"Não tenho medo fora do Brasil.
É diferente. Já andei em Nova
York, em Paris, as pessoas não encostam", afirma ela, cuja filha está
morando na Espanha e já viveu na
Alemanha, sempre se deslocando
por lá com transporte público.
Kaufmann conta que usava ônibus diariamente até sua filha nascer. Ela fazia cursinho para entrar
na faculdade -mais tarde se tornou professora- quando passou
pelo constrangimento dentro do
coletivo, num final de tarde.
"Comecei a sentir um cara encostando e me incomodando.
Quando olhei para trás, vi que ele
estava com seu membro para fora
da calça", relata. "O ônibus estava
lotado, mas eu consegui atravessar correndo para fugir dali", diz.
Silvana Zuccolotto, presidente
da comissão de recursos humanos da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos), diz
que as mulheres "tendem a se
afastar cada vez mais do transporte coletivo" por causa do assédio.
"Nos ônibus elas ficam ainda
mais vulneráveis porque os motoristas e cobradores estão sozinhos, não têm nenhum agente
com quem se comunicar."
(AI)
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Demora na bilheteria lidera em insatisfação Índice
|