São Paulo, domingo, 05 de setembro de 2010

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Dono é "adestrado" para levar cachorro aos restaurantes

Bistrô de Moema dá curso para ensinar bons modos e etiqueta para animal "sentar à mesa" com o proprietário

Vigilância Sanitária libera presença de cães; dono aprende a não dar comida em casa e não mal acostumar bichos

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE SÃO PAULO

O restaurante é francês, um dos donos é francês, o nome é francês e, a partir de agora, o hábito dos clientes também segue à francesa.
No último domingo, o bistrô Blés D'Or, em Moema, reuniu um grupo de donos de cães para "adestrá-los" e dar dicas de etiqueta para que seus cachorros também passem a frequentar o lugar.
Cena comum nos bistrôs de Paris, cada vez mais restaurantes de São Paulo têm aberto as portas -alguns até o cardápio- para cachorros sentarem à mesa.
A cartilha começa em casa: jamais dar comida humana aos animais, mesmo que façam aquela cara de cachorro pidão, e não permitir que eles entrem na cozinha.
"O cão que pede comida é o que cão que recebe comida. O dono precisa ter bom senso, como não levar cachorro que late, agressivo, isso deve ser avaliado", diz Daniel Svevo, veterinário e consultor de comportamento animal.
A presença dos bichos está amparada na lei da cidade, mas nem todos os restaurantes são obrigados a recebê-los. Abre as portas para os cães quem quiser.
E, ao abrir, tem de seguir as regras da Vigilância Sanitária: 1) área específica para clientes com cachorros, coberta e arejada; 2) ponto de água para limpeza; 3) empregado exclusivo para faxina que não manipule alimentos.
"Houve uma discussão muito intensa na prefeitura sobre a presença de cães nos restaurantes. Tem gente que não gosta ou tem medo, não se pode impor a presença do animal para quem não quer", diz a veterinária Evanise Segala, subgerente de alimentos da Vigilância Sanitária.
"Temos de mostrar o certo e recompensar o certo. Tiro o cão da mesa e aí o recompenso quando ele estiver com as quatro patas no chão", ensina o consultor de comportamento animal Denis Martin, o adestrador dos donos.

FARO
"Ando muito pelo bairro, mas foi o Brownie, atraído pelo cheiro dos outros cães, quem descobriu esse restaurante", diz o engenheiro Alexey Bolfaine. De tanto frequentar o bistrô, ele, a mulher e o golden retriever são amigos de todos os garçons.
"Isso é muito comum em Paris. E como meu restaurante é francês, quis trazer o modelo. Moema tem muitos cachorros e os donos são clientes fiéis", diz Humberto Leite, dono do bistrô Blés D'Or. Na porta, uma placa dá o aviso: aqui seu cão é bem-vindo.
"É importante observar bem o cachorro para não o deixar comer objetos estranhos", diz a tratadora Raquel Hama. No dia do "adestramento" dos donos, um dos cães comeu um pedaço de rolha e foi parar no veterinário.
Na lista de outros lugares simpáticos aos cães, o Sassá Sushi, no Itaim Bibi, adotou um cachorro abandonado. O cão não só era alimentado como também ganhou uma casinha em frente ao restaurante. Há pouco tempo foi atropelado e morreu.
O Farfalla, nos Jardins, aceita animais comportados no salão e prepara até um carpaccio de carne para eles.

FOLHA.com
Veja o dia dos cachorros em restaurante francês
folha.com/mm793475


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