São Paulo, segunda-feira, 05 de setembro de 2011

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BICHOS - JAIME SPITZCOVSKY
jaimespitz@uol.com.br

Os heróis que não podiam chorar


O cão ajudou o dono a descer 70 lances de escada. Pouco tempo após chegada à rua, a torre desabou


Em meio ao maior ataque terrorista da história, o policial David Lim chegou às pressas ao World Trade Center, em Nova York, no dia 11 de setembro de 2001, com Sirius, um labrador especializado em farejar explosivos.
O cenário de horror ainda se desenrolava, após os choques dos a-viões contra os prédios. Lim deixou o parceiro numa caixa de transporte na torre sul e juntou-se a um grupo de bombeiros para salvar vidas no outro edifício. Minutos depois, a gigantesca estrutura de concreto desabou e soterrou o cão-farejador. Sirius se transformou na única vítima fatal entre os cerca de 300 cachorros mobilizados para a operação de salvamento na tragédia que matou cerca de 3 mil pessoas.
Pastores alemães, labradores, border collies e vira-latas, entre várias raças, passaram dias em busca de sobreviventes. Misturavam-se aos milhares de bombeiros, policiais e voluntários. Tinham nomes como Cowboy, Jake, Doggy ou Bear, um golden retriever que ganhou fama por ter sido um dos primeiros a chegar ao palco da destruição.
Existem outras histórias impressionantes envolvendo cachorros no 11 de setembro de 2001. Dorado e Roselle receberam várias condecorações graças a atuações como cães-guias que levaram seus donos a um porto seguro em meio ao pandemônio. Técnico em computação, Omar Eduardo Rivera se encontrava no 71º andar da torre norte quando o avião se espatifou contra aquele símbolo do poderio econômico norte-americano.
O pânico se espalhou pelos escritórios, corredores e escadas. Rivera contou, em várias entrevistas a jornais dos EUA, ter soltado a coleira de Dorado e ordenado que ele partisse, em busca de local seguro. Mas o cão não desgrudou do dono e ajudou-o a descer 70 lances de escada, num périplo que durou mais de uma hora. Pouco tempo depois da chegada de Rivera e de Dorado à rua, a torre desabou. Roselle, labradora e cadela-guia, ajudou seu dono, Michael Hingson, a descer do 78º andar.
No Youtube, é possível encontrar várias imagens e homenagens a cães envolvidos nesse episódio trágico. Um vídeo mostra a cerimônia de condecoração de Dorado e Roselle, com depoimentos emocionados de seus donos e, mergulhada no sentimento nacionalista que varreu os Estados Unidos após o ataque, a jornalista encerra a reportagem recebendo, no rosto, lambidas do cão-herói.
Outra homenagem no Youtube alinha cenas dos cães em operações de busca e salvamento, sob o título "The 9/11 heroes who couldn't cry" (Os heróis do 11 de setembro que não podiam chorar). Despontam ainda imagens de Riley, um cão em pleno trabalho com bombeiros.
É indiscutível que quem se fascina com essa incrível relação entre humanos e caninos, um laço sem paralelo na natureza, encontra nos episódios de 11 de setembro relatos e imagens que podem gerar muita comoção.
Meses depois da tragédia, entre as ruínas, encontrou-se a tigela de água de Sirius, o cão-farejador morto. David Lim, o policial que sobreviveu ao desabamento, recebeu a peça como lembrança do amigo.


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