São Paulo, domingo, 05 de outubro de 2008

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"É de ficar louco", diz vizinho de bares

Mecânico que mora na Vila Madalena conta que o programa noturno dos freqüentadores, muitas vezes, continua na frente de sua casa

A fugir do barulho, médica que mora em frente a clube na Mooca prefere fazer plantão em hospital em noites de baile de formatura

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O barulho produzido pelos bares não se resume apenas à música alta ou à algazarra do bate-papo. "Às vezes, chega uma pessoa bêbada e toca minha campainha por engano no meio da madrugada", conta o mecânico Bruno Alberto Barbosa, 21, morador da rua Mourato Coelho, na Vila Madalena (zona oeste).
O bairro pertence à Subprefeitura de Pinheiros, campeã de reclamações ao Psiu.
Segundo ele, muitas vezes o programa noturno dos freqüentadores dos bares continua na porta de sua casa. "Imagina 15, 20 pessoas na frente da sua janela, gritando, com som alto. É de ficar louco. Tem dia que jogo água, ovo, o que encontrar na geladeira."
Assim como ele, quem vive na proximidade de bares, restaurantes e casas noturnas tenta se adaptar ao incômodo. É o caso da médica Carolina Spósito, que mora em frente ao Clube Atlético Juventus, na Mooca (zona leste), segunda colocada em reclamações na prefeitura. O clube aluga o espaço para festas de formaturas, que costumam acontecer sempre em junho e julho e entre dezembro e fevereiro, diz a médica.
"Dá pra ouvir a banda daqui de casa. Quando sei que vai ter evento, peço para fazer plantão no hospital porque sei que não aqui vou conseguir dormir."
No carnaval, diz a mãe dela, a psicóloga Carlota Spósito, 51, a família é obrigada a viajar, mesmo que não queira. "É insuportável, cinco tardes e cinco noites de barulho", diz. O clube afirma que tem um salão fechado, com isolamento acústico adequado e obriga as empresas que alugam o salão a manterem o barulho dentro dos padrões limitados por lei.
A aposentada Yolanda Rodrigues, que mora em uma casa na rua Aspicuelta, na Vila Madalena, diz ter se acostumado com o ruído que vem de fora. "A única coisa que me incomoda são as motos", diz a vizinha de dois dos bares mais procurados do bairro.
A casa dela, a mesma onde mora há 60 anos, fica de portas abertas durante a noite, para que os cachorros possam passear pelo quintal. Mas a sala de TV e o quarto onde ela dorme ficam nos fundos da casa, de onde ela escuta pouco o som das conversas e da música que vêm da rua. "Eu até gosto de todo esse agito, me sinto segura. E também aproveito. Quando minhas amigas me visitam, vamos ali tomar um chopinho", diz, no vigor dos seus 94 anos.


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