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"É de ficar louco", diz vizinho de bares
Mecânico que mora na Vila Madalena conta que o programa noturno dos freqüentadores, muitas vezes, continua na frente de sua casa
A fugir do barulho, médica que mora em frente a clube na Mooca prefere fazer plantão em hospital em noites de baile de formatura
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O barulho produzido pelos
bares não se resume apenas à
música alta ou à algazarra do
bate-papo. "Às vezes, chega
uma pessoa bêbada e toca minha campainha por engano no
meio da madrugada", conta o
mecânico Bruno Alberto Barbosa, 21, morador da rua Mourato Coelho, na Vila Madalena
(zona oeste).
O bairro pertence à Subprefeitura de Pinheiros, campeã de
reclamações ao Psiu.
Segundo ele, muitas vezes o
programa noturno dos freqüentadores dos bares continua na porta de sua casa. "Imagina 15, 20 pessoas na frente da
sua janela, gritando, com som
alto. É de ficar louco. Tem dia
que jogo água, ovo, o que encontrar na geladeira."
Assim como ele, quem vive
na proximidade de bares, restaurantes e casas noturnas tenta se adaptar ao incômodo. É o
caso da médica Carolina Spósito, que mora em frente ao Clube Atlético Juventus, na Mooca
(zona leste), segunda colocada
em reclamações na prefeitura.
O clube aluga o espaço para festas de formaturas, que costumam acontecer sempre em junho e julho e entre dezembro e
fevereiro, diz a médica.
"Dá pra ouvir a banda daqui
de casa. Quando sei que vai ter
evento, peço para fazer plantão
no hospital porque sei que não
aqui vou conseguir dormir."
No carnaval, diz a mãe dela, a
psicóloga Carlota Spósito, 51, a
família é obrigada a viajar, mesmo que não queira. "É insuportável, cinco tardes e cinco noites de barulho", diz. O clube
afirma que tem um salão fechado, com isolamento acústico
adequado e obriga as empresas
que alugam o salão a manterem
o barulho dentro dos padrões
limitados por lei.
A aposentada Yolanda Rodrigues, que mora em uma casa na
rua Aspicuelta, na Vila Madalena, diz ter se acostumado com o
ruído que vem de fora. "A única
coisa que me incomoda são as
motos", diz a vizinha de dois
dos bares mais procurados do
bairro.
A casa dela, a mesma onde
mora há 60 anos, fica de portas
abertas durante a noite, para
que os cachorros possam passear pelo quintal. Mas a sala de
TV e o quarto onde ela dorme
ficam nos fundos da casa, de
onde ela escuta pouco o som
das conversas e da música que
vêm da rua. "Eu até gosto de todo esse agito, me sinto segura.
E também aproveito. Quando
minhas amigas me visitam, vamos ali tomar um chopinho",
diz, no vigor dos seus 94 anos.
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