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Especialistas questionam falta de controle
DA REPORTAGEM LOCAL
A cobrança de uma taxa
pelo lixo produzido em cada
imóvel é, a princípio, positiva, uma vez que estimula o
cidadão a assumir sua parcela de co-responsabilidade
em relação ao desafio da minimização e do reaproveitamento dos resíduos. Isso
tendo em vista o aumento da
vida útil dos aterros, a economia e os benefícios ambientais causados pela troca
das matérias-primas virgens
pelas recicladas.
Mas o modelo de cobrança
adotado pela Prefeitura de
São Paulo, de acordo com a
declaração de produção de
cada um, e a indefinição da
forma como a informação
será verificada podem tornar o tributo inútil tanto do
ponto de vista de aumento
da arrecadação municipal
como do ponto de vista de
"educação ambiental pelo
bolso".
A falta de uma discussão
prévia com a sociedade sobre a cobrança, suas razões e
eventuais benefícios, também compromete a eficácia
da medida.
É essa a opinião de especialistas em ambiente urbano e resíduos ouvidos pela
Folha.
"Ninguém é contra a taxa,
em tese, mas, sem a educação e o debate com a sociedade, não há política nem
gestão que se sustente", afirma Elisabeth Grimberg, do
Instituto Pólis.
"O que vai impedir uma
pessoa que mora na periferia
de pegar o lixo e jogar na
porta do vizinho ou num
córrego para não ter de pagar a taxa?", questiona
Grimberg.
Caráter arrecadatório
Na avaliação de Elisabeth
Grimberg, o projeto de lei -
que foi apresentado anteontem, e que precisa ser aprovado até o fim deste mês para que o município conte
com os recursos da taxa ainda em 2003- "parece ter
um caráter meramente arrecadatório".
"Se você for parar para
pensar, as taxas nem são tão
altas, mas, como as pessoas
não acreditam no poder público, podem acabar mentindo", afirma Pedro Roberto Jacobi, coordenador do
mestrado e vice-presidente
do Procam (Programa de
Pós-Graduação em Ciência
Ambiental da Universidade
de São Paulo).
Tanto ele como Grimberg
questionam a dificuldade de
fazer a aferição dos volumes
declarados e coletados, principalmente em edifícios residenciais.
Grimberg e Jacobi também sugerem uma mesma
alternativa: realizar a cobrança baseada na produção
média que o Limpurb registra em cada região da cidade,
possivelmente ampliando a
cota de isentos em áreas
mais pobres.
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