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POLÍCIA
Eles são acusados de ligação com quadrilha que cooptaria vendedores de órgãos no Brasil; operações eram feitas no país africano
3 são presos na África do Sul por traficar rins
EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
A polícia da África do Sul -país
onde atuaria uma quadrilha internacional de tráfico de órgãos humanos com ramificações no Brasil- informou ontem que três
pessoas foram presas nos últimos
dois dias sob acusação de integrar
o grupo. Dois são sul-africanos e o
outro, israelense.
De acordo com o embaixador
da África do Sul no Brasil, Mbulelo Rakwena, seis pessoas já foram
detidas naquele país nos últimos
meses sob suspeita de integrar a
quadrilha. No Brasil, a Polícia Federal prendeu dois israelenses e
nove brasileiros na última terça-feira, em Recife. O grupo é acusado de ter aliciado pelo menos 30
pessoas no período de um ano.
Em troca de quantias que variavam de US$ 6.000 a US$ 10 mil (de
R$ 17,7 mil a R$ 29,5 mil), os
cooptados, de acordo com a PF,
eram levados para Durban, cidade ao leste da África do Sul, e submetidos à cirurgia de extração de
um dos rins.
Presos anteontem em Durban
após terem sido submetidos a
transplantes de rim, o israelense
Agania Robel, 42, e o sul-africano
de origem israelense Meir Shushan, 49, foram soltos após pagarem fiança. Eles tiveram seus passaportes retidos e foram convocados a prestar depoimento na próxima quarta-feira. Ontem, a polícia local prendeu um homem de
58 anos, que não teve a identidade
divulgada e deve depor hoje.
"Ainda estamos no início das
investigações. Não há como precisar o número de pessoas que foram utilizadas pelo grupo nem o
dinheiro que eles movimentaram", afirmou ontem à reportagem, por telefone, Mary Martins-Engelbrecht, porta-voz da polícia
da África do Sul.
Tanto a porta-voz da polícia local quanto o embaixador do país
no Brasil afirmaram que não existem negociações, por enquanto,
sobre extradições. No Brasil, o caso está sob segredo de Justiça.
Capitão e advogado
Os 11 acusados que estão em Recife permanecem presos, divididos em três locais: a Superintendência da Polícia Federal, o centro
de triagem da Secretaria Estadual
da Justiça e o presídio feminino.
A reportagem apurou que, entre os detidos, cinco são considerados integrantes da cúpula da
quadrilha em Pernambuco.
Além dos dois israelenses, que
chefiariam a ramificação brasileira, fariam parte dessa "elite" um
capitão da reserva da Polícia Militar pernambucana, a mulher dele
e um advogado.
O capitão e a mulher atuariam
como "gerentes" na quadrilha. O
advogado também teria influência em todas as áreas.
Dos outros seis presos, quatro
teriam vendido um de seus rins e
passado a trabalhar para o grupo,
intermediando os contatos de
compra e venda. Os dois últimos
seriam somente intermediários,
que não chegaram a ser submetidos à cirurgia, mas faturariam comissões com base na cooptação,
em comunidades carentes, de interessados em vender um rim.
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