|
Próximo Texto | Índice
Brasil é reprovado, de novo, em matemática e leitura
Exames realizados em 57 países colocam os alunos brasileiros entre os piores
Comparando o desempenho no exame de 2003, que já era ruim, com o de 2006, as notas pioraram em leitura e melhoraram em matemática
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A péssima posição do Brasil
no ranking de aprendizado em
ciências se repetiu nas provas
de matemática e leitura.
Os resultados do Pisa (sigla,
em inglês, para Programa Internacional de Avaliação de
Alunos), divulgados ontem pela
OCDE (Organização para a
Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), mostram
que os alunos brasileiros obtiveram em 2006 médias que os
colocam na 53ª posição em matemática (entre 57 países) e na
48ª em leitura (entre 56).
O objetivo do Pisa é comparar o desempenho dos países na
educação. Para isso, são aplicados de três em três anos testes a
alunos de 15 anos em nações
que participam do programa. O
ranking de ciências, divulgado
na semana passada, colocava o
Brasil na 52ª posição.
Além de estarem entre os
piores nas três provas nessa lista de países, a maioria dos estudantes brasileiros atinge, no
máximo, o menor nível de
aprendizado nas disciplinas.
O pior resultado aparece em
matemática. Numa escala que
vai até seis, 73% dos brasileiros
estão situados no nível um ou
abaixo disso. Significa, por
exemplo, que só conseguem
responder questões com contextos familiares e perguntas
definidas de forma clara.
Em leitura, 56% dos jovens
estão apenas no nível um ou
abaixo dele. Na escala, que vai
até cinco nessa prova, significa
que são capazes apenas de localizar informações explícitas no
texto e fazer conexões simples.
Em ciências, 61% tiveram desempenho que os colocam
abaixo ou somente no nível um
de uma escala que vai até seis.
Isso significa que seu conhecimento científico é limitado e
aplicado somente a poucas situações familiares.
Nos três casos, a proporção
de alunos nos níveis mais baixos é muito maior do que a média da OCDE, que congrega, em
sua maioria, países ricos.
Comparando o desempenho
do Brasil no exame 2003 (que
já era ruim) com o de 2006, as
notas pioraram em leitura, ficaram estáveis em ciências e melhoraram em matemática.
Uma melhoria insuficiente,
porém, para tirar o país das últimas posições, já que foi em
matemática que o país se saiu
pior em 2006, com médias superiores apenas às de Quirguistão, Qatar e Tunísia e semelhantes às da Colômbia.
Como há uma margem de erro para cada país, a colocação
brasileira pode variar da 53ª, no
melhor cenário, para a 55ª, no
pior. O mesmo ocorre para as
provas de leitura e ciências. No
de leitura, varia da 46ª à 51ª.
Em ciência, da 50ª à 54ª.
A secretária de Educação do
governo José Serra (PSDB-SP),
Maria Helena de Castro, diz
que o resultado em leitura é lamentável. "Essa é uma macrocompetência, básica para que
os alunos desenvolvam as outras, como matemática, raciocínio crítico." Nos exames, São
Paulo ficou abaixo da média nacional nas três áreas avaliadas.
Suely Druck, da Sociedade
Brasileira de Matemática, diz
que, em geral, os alunos de outros países, assim como os do
Brasil, tiveram desempenho
pior em matemática na comparação com as outras disciplinas.
"A matemática se distingue
das outras porque desde cedo a
criança já tem que ter conhecimento teórico e é um aprendizado seqüencial, ou seja, antes
de aprender a multiplicar, tem
que saber somar." Por isso, defende que se exija um conteúdo
mínimo em matemática para o
professor dos primeiros anos
do ensino fundamental, quando todas as matérias são ainda
ensinadas pela mesma pessoa.
O Pisa permite também comparar meninos e meninas. Em
matemática e ciências, no Brasil, eles se saíram melhor. Em
leitura, elas foram melhor.
Próximo Texto: Abaixo da média, São Paulo perde de Rondônia e Sergipe Índice
|