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Abismo separa redes pública e privada
Dos 35 países participantes do Pisa, Brasil foi o que apresentou a maior diferença entre os ensinos na prova de ciências
Resultados mostram ainda que elite brasileira tem desempenho fraco, cuja média ocupa apenas a 24ª posição no ranking mundial
DA SUCURSAL DO RIO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Entre 35 países onde foi possível fazer essa comparação, o
Brasil foi o que apresentou a
maior distância, em número de
pontos, entre os alunos da rede
pública e da rede privada na
prova de ciências.
O resultado mostra que a elite brasileira, quando confrontada com a de outros países no
Pisa, também tem desempenho
abaixo da média. Mesmo estando muito melhores do que os
jovens das públicas, os estudantes de particulares ocupariam somente a 24ª posição e
estariam abaixo da média dos
países da OCDE.
Como nem todos os países
possuem rede privada em tamanho significativo, essa comparação se resume apenas a um
grupo de 35 nações. Em alguns
casos, como em Hong Kong, a
rede pública é melhor do que a
particular, mas é preciso levar
em conta que lá, diferentemente do Brasil, a maioria das escolas particulares -onde estão
91% dos alunos- depende de
financiamento estatal.
Extremos
Outra maneira de fazer essa
mesma constatação é comparar apenas os alunos que estão
nos extremos de melhores e
piores notas. Nesse caso, a
comparação é pode ser feita entre todos os países que participaram do Pisa.
Se as médias fossem comparada apenas pelo desempenho
de estudantes que estão entre
os 5% melhores, a posição do
Brasil seria a 51ª em ciências, a
45ª em leitura e a 53ª em matemática. A posição não é muito
melhor do que em uma mesma
comparação considerando somente os 5% piores alunos. As
posições, nesse caso, seriam a
55ª em ciências, a 51ª em leitura e a 55ª em matemática.
O pífio desempenho da elite
brasileira já havia aparecido em
outras edições do Pisa. Um estudo feito pelo pesquisador
Creso Franco, da PUC do Rio
de Janeiro, mostra que, em
2000, os estudantes brasileiros
de maior nível sócio-ecônomico ficavam muito atrás dos de
nações como França, Coréia,
Estados Unidos ou Espanha.
Outra análise que o Pisa permite fazer é o quanto as médias
são explicadas pelo nível socioeconômico dos alunos, já
que o fator determinante para o
desempenho do estudante é
sua situação familiar, ou seja,
filhos de pais escolarizados e de
maior renda tendem a ter melhor desempenho do que os pobres e de famílias menos escolarizadas, ainda que ambas estejam na mesma escola.
Para isso, a OCDE estima
qual seria a média de todos os
países caso todos os alunos tivessem nível socioeconômico
igual. No Brasil, a média em
ciências passaria de 390 -que é
a média simples- para 424.
Isso, no entanto, pouco alteraria a posição brasileira no
ranking em ciências. O país
passaria da 51ª posição para a
49ª. Nessa comparação, em vez
dos 57 países listados nas médias simples de ciências, entrariam apenas 56, já que as médias do Qatar não foram ajustadas de acordo com o nível socioeconômico dos alunos.
Apesar de o Brasil apresentar
uma das maiores desigualdades
na distribuição das notas dos
alunos, de 2003 para 2006, os
dados do Pisa revelam que essa
diferença diminuiu.
Nesse período, a média dos
estudantes que estavam entre
os 5% piores teve ganho de 23
pontos em matemática e de 11
pontos em leitura. Entre os que
estavam entre os 5% melhores,
a média variou apenas dois
pontos em matemática e teve
queda de 19 em leitura.
O mesmo acontece quando,
são selecionados os 25% melhores e os 25% piores. Entre os
piores, as médias avançam 22
pontos em matemática e caem
dois em leitura. Entre os melhores, o avanço em matemática é de oito pontos e a queda em
leitura, de 19.
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