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Inclusão explica mau resultado, diz secretária
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
A secretária estadual de Educação, Maria Helena Guimarães de Castro, admitiu que São
Paulo tem problemas na qualidade de ensino, mas citou como
uma das explicações a maior inclusão de estudantes na rede
em relação à média nacional.
Pesquisas mostram que essa
maior inserção se dá, principalmente, por alunos com mais dificuldades socioeconômicas
-com menos acesso à cultura e
pais com baixa escolarização.
Segundo a Pnad 2006, 86,3%
dos jovens entre 15 e 17 anos estão na escola em São Paulo, ante uma média de 82,2% no país.
Leia abaixo trechos da entrevista com a secretária.
FOLHA - Como a sra. avalia o resultado no Pisa, no qual o país caiu dez
pontos em leitura?
MARIA HELENA GUIMARÃES DE CASTRO - Lamentável. Significa
que nós, Estados, municípios,
governo federal e a sociedade,
não estamos desenvolvendo as
políticas certas, principalmente na alfabetização.
FOLHA - Quais foram os erros?
MARIA HELENA - As nossas universidades não estão formando
bem os nossos professores.
Em São Paulo, foram investidos R$ 1,8 bilhão em formação
continuada dos professores nos
últimos anos. É bastante, porque é necessário. Mas, apesar
de todo o esforço, São Paulo está abaixo da média em ciências.
Precisamos rever nossos programas de formação continuada e os critérios de seleção de
professores. Talvez implementar algo como uma residência
médica para os professores.
FOLHA - Os professores reclamam
de problemas como salários baixos,
salas superlotadas...
MARIA HELENA - Sala cheia não é
fator explicativo de baixo desempenho em nenhum lugar
do mundo. Na questão dos salários, reconheço que o ideal seria melhorar ainda mais. Mas o
governo está fazendo dentro do
que é possível fazer.
FOLHA - Considerando a condição
econômica de São Paulo, o Estado
não deveria estar melhor no Pisa?
MARIA HELENA - O Estado melhorou em cobertura. Todos os
dados da Pnad 2006 colocam
São Paulo melhor do que o Brasil. O Estado fez um grande esforço para colocar todos na escola. Agora, o desafio é a qualidade, que vem a médio prazo.
FOLHA - Mas a inclusão ocorreu no
país todo e mesmo assim São Paulo
fica abaixo da média.
MARIA HELENA - São Paulo é
grande demais. Ao mesmo tempo em que temos uma economia forte, temos todos os problemas existentes no Brasil.
FOLHA - O que o governo pretende
fazer para melhorar a qualidade?
MARIA HELENA - Recuperação intensiva de língua portuguesa
nos primeiros 42 dias de aula,
material de apoio ao professor,
orientação curricular. E estamos adotando um sistema de
bônus vinculado à melhoria
dos resultados e à assiduidade.
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