|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
A cada 5 novos casamentos no país, ocorre 1 divórcio
IBGE registrou recorde de divórcios em 2007; casamentos também aumentaram
Divórcios subiram de 161 mil em 2006 para 179 mil; crescimento ocorre desde que o item foi incluído
na pesquisa, em 1984
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Em 2007, ano em que a lei do
divórcio completou 30 anos no
Brasil, foi novamente recorde o
número de casais que decidiram pôr um ponto final -e oficial- em seu casamento.
Segundo as Estatísticas de
Registro Civil, divulgadas ontem pelo IBGE, o número de divórcios no país cresceu de 161
mil para 179 mil de 2006 para
2007, uma variação de 11%. O
número de casamentos registrados em cartório também
cresceu, mas em proporção
menor (3%), tendo passado de
890 mil para 916 mil.
Com isso, em 2007 houve um
divórcio a cada cinco novos casamentos e em 2006, um a cada
5,5 uniões. Em 1991, essa relação era de um divórcio para nove casamentos novos.
Se forem consideradas também as separações (etapa preliminar, ainda que não mais
obrigatória, para um divórcio),
em 2007 ocorreu uma dissolução (seja por divórcio ou separação) a cada quatro casamentos, segundo o IBGE.
A principal explicação para o
novo recorde no número de divórcios foi a mudança na legislação. Em 2007 passou a ser
permitido que casais sem filhos
pudessem formalizar, desde
que consensualmente, o divórcio em cartório.
Essa foi a opção de 28 mil casais. Até então, todos os processos tinham, necessariamente,
que passar pela Justiça, o que
tornava o processo mais lento e
burocrático.
Desde que o IBGE começou a
pesquisar o número de divórcios (1984), no entanto, o crescimento foi verificado em quase todos os anos.
Segundo o instituto, além de
outras mudanças no passado
que flexibilizaram a legislação
-em 1989, por exemplo, foi reduzido de cinco para dois anos
o prazo exigido para o divórcio
após a separação de fato-, trata-se também de uma questão
de mudança de comportamento na sociedade, que passou a
aceitar o fim do casamento
com mais naturalidade.
O coordenador da pesquisa,
Claudio Crespo, explica também que, com a maior flexibilização da legislação, muitos casais sequer formalizam a separação antes do divórcio. Eles
preferem esperar os dois anos
de separação para, então, procurar a Justiça ou os cartórios
para registrar o divórcio.
É por isso, explica ele, que a
proporção de separações não-consensuais cresceu de 18%
para 24% de 1997 para 2007.
"Se o fim do casamento é consensual, muitos casais optam
por esperar um pouco mais para pedir diretamente o divórcio." A separação acaba com as
obrigações legais dos cônjuges,
mas, para casar legalmente
mais uma vez, a separação não
basta, sendo necessário o divórcio consumado.
Esse número crescente de
divorciados acaba tendo impacto em outra conta feita pelo
IBGE a partir dos registros civis: a proporção de casamentos
em que ao menos um cônjuge
era viúvo ou divorciado.
Em 1997, em apenas 10% dos
casamentos ao menos um cônjuge era viúvo ou divorciado.
Em 2007, esse percentual aumentou para 16%. No entanto,
a maioria (84%) das uniões legais continua sendo realizada
entre pessoas que nunca haviam se casado formalmente.
No caso dos casamentos, a
principal explicação dada pelo
IBGE para o aumento verificado nos últimos anos foram as
campanhas de formalização
das uniões consensuais, como
as cerimônias coletivas de casamentos.
Outra tendência verificada
novamente pelo IBGE foi o aumento da idade média ao casar.
De 1991 para 2007, entre homens essa média passou de 27
anos para 32, enquanto entre
mulheres ela foi de 24 para 28.
Isso indica que, além de adiarem um pouco a decisão de se
casar formalmente, muitos
brasileiros têm preferido viver
um pouco mais de tempo em
união consensual antes de registrar o matrimônio.
Texto Anterior: Foco: Descoberta em 2007 na igreja do Carmo, pintura do século 18 é restaurada Próximo Texto: "Não dava para me desgastar mais", diz economista Índice
|