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Dano cultural é um dos maiores do país, diz Iphan
"Estou em choque", diz superintendente, que compara caso de Paraitinga ao de Goiás (2001)
Após iniciar análise, Iphan e Condephaat dizem que custo de recuperação será muito maior que os R$ 100 milhões estimados pela prefeitura
ROGÉRIO PAGNAN
ENVIADO ESPECIAL A SÃO LUIZ DO PARAITINGA
Condephaat e Iphan, órgãos
estadual e federal de proteção
ao patrimônio, estiveram ontem em São Luiz do Paraitinga
para iniciar a análise dos estragos da chuva. As primeiras conclusões: este foi um dos maiores desastres culturais do país e
com custo de recuperação muito acima dos R$ 100 milhões estimados pelo município.
Para a superintendente do
Iphan (Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional)
em São Paulo, Anna Beatriz Ayroza Galvão, os danos são "equivalentes" ao desastre de Goiás
Velho, em 2001 (leia texto nesta
pág.). "Estou em choque. Parece que houve um bombardeio."
Já a presidente do Condephaat, Rovena Negreiros, diz
que essa recuperação dependerá de "vontade política", pois
terá um custo muito elevado.
Para ela, os calculos feitos pela
prefeitura de São Luiz, de algo
em torno de R$ 100 milhões,
"não têm sentido nenhum".
"R$ 100 milhões não são nada. Eu diria que, com R$ 100
milhões, dá para limpar a praça
e seus arredores", afirmou. "A
cidade está em ruínas."
Para os órgãos de patrimônio,
houve uma fatalidade. O custo
total nem Rovena nem Anna arriscam. Segundo elas, é justamente esse o trabalho que será
iniciado hoje: quantas edificações foram danificadas e qual a
extensão do dano. Depois, qual
será a forma de recuperação e
os métodos construtivos.
Também deverá ser feito um
projeto para evitar que novos
alagamentos ocorram. "É caro", resume Anna. O trabalho
deve durar pelo menos 90 dias.
Conforme o Condephaat,
não são apenas 90 prédios tombados pelo conselho, como havia informado a prefeitura. São
437, sendo 24 deles com nível
de proteção total e o restante
com classificações dos outros
níveis. Os números foram apresentados ontem pelo conselho
-a prefeitura informou que
aguardará a análise dos órgãos.
A cidade é tombada pelo Estado desde 1982 e deveria ser
considerada em 2010, também,
patrimônio nacional histórico
e paisagista. Esse título está,
porém, ameaçado. "O dossiê estava quase concluído [para ser
analisado pelo conselho federal], mas esse documento será
revisto", disse Anna, do Iphan.
A importância de São Luiz está em seu conjunto urbanístico,
que conserva casas construídas
no início do século passado com
as técnicas da época, as taipas.
Essas características são importantes porque retratam como eram as casas num período
em que o café era a principal
fonte de renda do Estado.
Em São Luiz, por exemplo,
segundo o Iphan, há um conjunto de casas térreas construídas pelos fazendeiras para abrigá-los quando precisam passar
alguns dias na cidade. Todas
elas ficam na rua do Carvalho
-17 delas estão condenadas,
segundo o município.
Entre os técnicos que vão
atuar da recuperação está o arquiteto José Saia, 60, que desde
1970 estuda as características
urbanísticas da cidade. Na avaliação dele, o estrago aos casarões da praça foram maiores
porque a queda da torre da matriz formou fortes ondas.
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