São Paulo, quarta-feira, 06 de janeiro de 2010

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entrevista

País é 1º mundo em tragédias, diz secretária

DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil não é mais perdoado pela natureza. Como agora temos direito a tudo, inclusive a tragédias de grandes proporções, já podemos nos considerar de primeiro mundo. É o que pensa a secretária nacional de Defesa Civil, Ivone Valente. O órgão é ligado ao Ministério da Integração Nacional. Para ela, o país precisa melhorar os seus sistemas de alerta de tragédias e, principalmente, melhorar a percepção do risco que as pessoas correm. "Em algumas cidades, você tem notícias de que as pessoas morrem dormindo. Há um total despreparo", afirmou a secretária. Leia abaixo alguns trechos da entrevista da secretária à Folha. (ES)

 

FOLHA - O Brasil está vivendo tragédias demais atualmente?
VALENTE - Nós agora não somos perdoados pela natureza. Antes a gente dizia que no Brasil não acontecia e a gente era poupado, que só acontecia nos Estados Unidos... Mas agora a gente já tem direito a tudo. A gente é país de primeiro mundo. Até nisso.

FOLHA - Especialistas dizem que a ocupação das áreas é equivocada. Isso não é coisa de primeiro mundo.
VALENTE - As causas é que são diferentes, as nossas causas são de país pobre. Numa ocorrência dessas, a população sofre bem mais.

FOLHA - Não dá para prevenir o problema?
VALENTE - Quando é por ocupação desordenada ou indevida das áreas, se resolve com políticas de habitação. Há muito tempo não se faz política habitacional. É recente o programa Minha Casa Minha. Em Ilha Grande, havia um desconhecimento total, aparentemente não havia risco na ocupação da base do morro. O Brasil tem muito a avançar na percepção de risco.

FOLHA - Quais são as principais causas desses desastres, que a sra. diz que são causas de países pobres?
VALENTE - Em algumas cidades, você tem notícias de que as pessoas morrem dormindo. Há um total despreparo, uma falta de percepção de risco que pega completamente desprevenido. Sem ter esse conhecimento, a população toma atitudes que vão favorecer as ocorrências. O trato do lixo, por exemplo. Eles desconhecem relação entre jogar o lixo no canal, no córrego, e provocar um alagamento futuro.


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