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"Cratera de 8 prefeitos" ressurge na 9 de Julho
Buraco que aparece na avenida há 30 anos e oito gestões diferentes, em razão de chuvas fortes, voltou após o temporal de 2ª
A nova cratera surgiu quando a tampa de uma galeria subterrânea se desprendeu e a pressão da água levantou o asfalto
DA REPORTAGEM LOCAL
Há 30 anos e oito prefeitos, o
asfalto da av. Nove de Julho se
rompe em algum ponto quando
chuvas fortes atingem a região
central de São Paulo, causando
transtornos para o trânsito e
para os moradores do entorno.
Há 30 anos e oito prefeitos, a
Prefeitura de São Paulo sabe
como resolver o problema, que
ocorre em uma das vias mais
importantes da cidade. Há 30
anos e oito prefeitos, o problema não é resolvido.
Após as chuvas de anteontem, a cratera reapareceu, desta vez com quatro metros de
largura por dez metros de comprimento. Surgiu quando a
tampa de uma galeria subterrânea de águas pluviais -que percorre praticamente toda a via-
se desprendeu e a pressão da
água levantou o asfalto.
Duas das três faixas do sentido centro, entre a rua Major
Quedinho e o viaduto Martinho
Prado, foram interditadas. Todo o fluxo de veículos foi deslocado para o corredor de ônibus,
na pista da esquerda da avenida, por onde passam 31 linhas
de ônibus e 205 veículos por
hora no pico da manhã.
A prefeitura espera liberar a
pista da direita hoje. A central,
só na sexta. Ontem pela manhã,
funcionários da prefeitura removeram a tampa -há outras
entradas a cada cem metros- e
aplicaram uma camada de 60
centímetros de concreto para
tapar o buraco.
Depois que o concreto secar,
o asfalto será colocado por cima
-só então o tráfego será liberado. Funcionários da CET
(Companhia de Engenharia de
Tráfego) queriam colocar uma
chapa de metal sobre o buraco
para liberar o tráfego logo, mas
a subprefeitura descartou: o
concreto poderia afundar.
Solução conhecida
O técnico em drenagem Percílio Domingues Oliveira, 47,
funcionário da Subprefeitura
da Sé desde 1984, conhece bem
a cratera. "Só eu já consertei
umas dez vezes", disse.
A galeria da av. Nove de Julho
foi construída na década de
1930, quando São Paulo tinha
menos de 1,3 milhão de habitantes. Hoje são mais de 11 milhões. A impermeabilização do
solo é muito maior. A galeria já
não dá conta do volume de água
que recebe.
A solução a prefeitura aponta
desde 1980: é preciso ampliar a
galeria -posteriormente, a
ideia foi "refinada", e passou-se
a propor também a construção
de dois piscinões para "segurar" as águas das chuvas.
A solução resolveria, inclusive, o problema de alagamentos
no túnel do Anhangabaú, que
voltou a fechar anteontem.
Os arquivos da Folha têm registros de solapamento da avenida nas gestões Reynaldo de
Barros, Mário Covas, Luiza
Erundina, Paulo Maluf, Celso
Pitta, Marta Suplicy, José Serra
e Gilberto Kassab.
Na época da Erundina (hoje
PSB, então no PT), em 1990, foram feitas obras de recuperação das galerias em caráter
emergencial. A licitação para as
obras definitivas começou em
2004, com Marta (PT), mas
Serra (PSDB), ao assumir em
2005, suspendeu o processo
para "reavaliação".
No ano passado, Kassab
(DEM) concluiu que o projeto
de 2004 tinha mesmo de ser
realizado e reabriu a licitação,
que está em andamento. Não
há prazo para a obra começar.
(MARIANA BARROS E EVANDRO SPINELLI)
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