São Paulo, quarta-feira, 06 de janeiro de 2010

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"Cratera de 8 prefeitos" ressurge na 9 de Julho

Buraco que aparece na avenida há 30 anos e oito gestões diferentes, em razão de chuvas fortes, voltou após o temporal de 2ª

A nova cratera surgiu quando a tampa de uma galeria subterrânea se desprendeu e a pressão da água levantou o asfalto

DA REPORTAGEM LOCAL

Há 30 anos e oito prefeitos, o asfalto da av. Nove de Julho se rompe em algum ponto quando chuvas fortes atingem a região central de São Paulo, causando transtornos para o trânsito e para os moradores do entorno.
Há 30 anos e oito prefeitos, a Prefeitura de São Paulo sabe como resolver o problema, que ocorre em uma das vias mais importantes da cidade. Há 30 anos e oito prefeitos, o problema não é resolvido.
Após as chuvas de anteontem, a cratera reapareceu, desta vez com quatro metros de largura por dez metros de comprimento. Surgiu quando a tampa de uma galeria subterrânea de águas pluviais -que percorre praticamente toda a via- se desprendeu e a pressão da água levantou o asfalto.
Duas das três faixas do sentido centro, entre a rua Major Quedinho e o viaduto Martinho Prado, foram interditadas. Todo o fluxo de veículos foi deslocado para o corredor de ônibus, na pista da esquerda da avenida, por onde passam 31 linhas de ônibus e 205 veículos por hora no pico da manhã.
A prefeitura espera liberar a pista da direita hoje. A central, só na sexta. Ontem pela manhã, funcionários da prefeitura removeram a tampa -há outras entradas a cada cem metros- e aplicaram uma camada de 60 centímetros de concreto para tapar o buraco.
Depois que o concreto secar, o asfalto será colocado por cima -só então o tráfego será liberado. Funcionários da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) queriam colocar uma chapa de metal sobre o buraco para liberar o tráfego logo, mas a subprefeitura descartou: o concreto poderia afundar.

Solução conhecida
O técnico em drenagem Percílio Domingues Oliveira, 47, funcionário da Subprefeitura da Sé desde 1984, conhece bem a cratera. "Só eu já consertei umas dez vezes", disse.
A galeria da av. Nove de Julho foi construída na década de 1930, quando São Paulo tinha menos de 1,3 milhão de habitantes. Hoje são mais de 11 milhões. A impermeabilização do solo é muito maior. A galeria já não dá conta do volume de água que recebe.
A solução a prefeitura aponta desde 1980: é preciso ampliar a galeria -posteriormente, a ideia foi "refinada", e passou-se a propor também a construção de dois piscinões para "segurar" as águas das chuvas.
A solução resolveria, inclusive, o problema de alagamentos no túnel do Anhangabaú, que voltou a fechar anteontem.
Os arquivos da Folha têm registros de solapamento da avenida nas gestões Reynaldo de Barros, Mário Covas, Luiza Erundina, Paulo Maluf, Celso Pitta, Marta Suplicy, José Serra e Gilberto Kassab.
Na época da Erundina (hoje PSB, então no PT), em 1990, foram feitas obras de recuperação das galerias em caráter emergencial. A licitação para as obras definitivas começou em 2004, com Marta (PT), mas Serra (PSDB), ao assumir em 2005, suspendeu o processo para "reavaliação".
No ano passado, Kassab (DEM) concluiu que o projeto de 2004 tinha mesmo de ser realizado e reabriu a licitação, que está em andamento. Não há prazo para a obra começar.
(MARIANA BARROS E EVANDRO SPINELLI)


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