São Paulo, terça-feira, 06 de fevereiro de 2007

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Sem dinheiro, Força Nacional reduz treinamento no Rio

Agentes iniciaram treino de manhã em favela, mas tiveram de interrompê-lo por falta de alimentação e transporte

Segundo a assessoria da Força Nacional, logística é responsabilidade do Estado, que informou não ter recursos disponíveis

Gabriel de Paiva/Agência O Globo
Agentes da Força Nacional fazem treinamento com o Bope na favela Tavares Bastos, no Rio


RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

A falta de recursos de logística para alimentação e transporte cortou pela metade e atrasou o treinamento de 128 policiais da Força Nacional de Segurança (FNS) em técnicas de incursões em favelas, ontem, com o Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio. Os 32 agentes da primeira turma participaram de manhã de treino de atuação em áreas de risco, programado para período integral, mas não puderam continuá-lo por "problemas de alimentação e transporte", segundo o major PM Ricardo Soares, do Bope, instrutor do minicurso e coordenador de treinamento da FNS.
A Força informou que os agentes recebem diária de R$ 120 para alimentação e hospedagem e não estão previstas mais verbas. Segundo a assessoria, a logística é responsabilidade do Estado do Rio. "O Estado não tem esse recurso e não podemos tirar do nosso homem. Também não posso cobrar do policial uma taxa de almoço nem liberá-lo para comer na rua, porque é uma organização militar. É um problema complexo. Em reunião com o comandante da FNS, pedi que os gêneros [alimentícios] chegassem aqui, mas não vieram", disse o major.
Parte do imbróglio parece ter sido causado por falta de organização. Só na sexta-feira, com três dias de antecedência, foi acertado o início do treinamento com o Bope. A FNS pretende qualificar profissionais para atuar em regiões de conflito e operações de risco, como favelas, para o caso de necessidade antes ou durante os Jogos Pan-Americanos. O plano de treinamento era praticar situações de risco por "quatro dias ininterruptos" com grupos de 32 policiais cada dia, explicou o major Soares.
Os trabalhos foram interrompidos às 11h30 e deveriam ter sido reiniciados às 13h30. Foi usada como base a favela Tavares Bastos, no Catete, vizinha do Bope e "pacificada" -na linguagem policial, sem tráfico de drogas nem milícias armadas. O Bope a usa freqüentemente para treinamento por sua arquitetura típica de favelas no Rio. Pelo mesmo motivo e pela tranqüilidade, ela também é cenário para a novela "Vidas Opostas", da TV Record.

Exército
O Exército iniciou o patrulhamento nas ruas entorno de suas unidades no Rio, como pedido pelo governador Sérgio Cabral Filho. Sem poder de polícia, sua atuação é limitada. Segundo o Comando Militar do Leste, desde 22 de janeiro, houve uma "intensificação da segurança" através de um "patrulhamento ostensivo a pé e motorizado, nas vias urbanas e logradouros públicos que caracterizam o perímetro externo [ruas e calçadas que circundam as unidades] das organizações militares do Exército". O CML não divulgou balanço sobre a atuação durante as últimas duas semanas.
Colaborou ITALO NOGUEIRA, da Sucursal do Rio

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