|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Rio investiga elo entre milícias formadas por policiais e facção criminosa ADA
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
O setor de inteligência da polícia do Rio investiga a existência de um acordo entre as milícias formadas por policiais e ex-policiais e a facção criminosa
ADA (Amigo dos Amigos).
A suspeita se deve ao fato de
os milicianos não atacarem favelas dominadas pela facção e
invadirem somente redutos do
CV (Comando Vermelho) e
TCP (Terceiro Comando Puro), grupos rivais da ADA.
No último fim de semana, ao
menos seis pessoas morreram e
nove ficaram feridas em supostas retaliações de traficantes do
CV que tentaram retomar o
controle de duas favelas da zona norte que foram invadidas
por milicianos.
Segundo o setor de inteligência, as milícias evitam atacar a
ADA porque haveria policiais
recebendo propinas de traficantes ligados à facção.
Parte desse esquema foi desarticulado em dezembro pela
Polícia Federal, que prendeu 75
PMs suspeitos de receber dinheiro, além de vender armas e
fardas para uma quadrilha ligada à ADA. Outros 400 suspeitos
são investigados.
Existe, ainda, a suspeita de
que as milícias recrutem integrantes da ADA para invadir favelas. Desde novembro, além
da Cidade Alta e do Barbante,
as milícias tomaram também
as favelas do Kelson (Penha),
Boggie-Woggie (Ilha do Governador) e Fernão Cardim (Todos os Santos), na zona norte.
6ª vítima
O motoboy Fábio Fernandes
Rocha, 29, é a sexta vítima do
confronto ocorrido anteontem
entre traficantes e milicianos
nas comunidades da Cidade Alta (Cordovil) e Barbante (Ilha
do Governador).
O corpo dele, que era morador da Cidade Alta, foi achado
carbonizado na noite de anteontem dentro de um Peugeot, em frente à estação ferroviária de Cordovil (zona norte)
e foi reconhecido por parentes.
Outros dois corpos, um deles
de um PM, foram achados na
madrugada de ontem perto da
Cidade Alta, mas a polícia não
sabe ainda se têm relação com
os embates do fim de semana.
O comandante-geral da PM,
coronel Ubiratan Ângelo, afirma que investigará denúncias
feitas por moradores da Cidade
Alta de que as milícias contaram com o apoio da PM durante a invasão de sábado. Segundo
eles, até um veículo blindado (o
Caveirão) foi usado. "Se houver
verificação da participação do
nosso blindado em desvio de
conduta, não tenha dúvida que
será responsabilizado", diz.
Texto Anterior: Sem dinheiro, Força Nacional reduz treinamento no Rio Próximo Texto: TCU aponta falhas no sistema que interliga dados de segurança Índice
|