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Traficante obriga morador a criar rota de fuga
Portas devem ser instaladas com acesso a vielas e imóveis têm de permanecer destrancados em operações policiais
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
Traficantes das favelas da
Coreia, Rebu, Taquaral e Vila
Aliança, na zona oeste do Rio,
obrigam moradores a criarem
rotas de fuga dentro das próprias casas para criminosos
usarem durante operações policiais. Segundo relatos ouvidos
pela reportagem, os imóveis
devem ter uma porta nos fundos com acesso a vielas.
Durante operação realizada
anteontem -quando dez supostos criminosos foram mortos-, policiais localizaram um
galpão com uma pequena porta
de ferro nos fundos que dava
acesso a um beco no fundo do
imóvel. Para passar pelo vão,
era preciso se agachar.
A mesma medida é imposta
em barracos e biroscas das favelas. Traficantes obrigam os
próprios moradores a instalarem as portas e a manterem as
entradas e saídas dos imóveis
destrancadas durante operações policiais para que as rotas
de fuga sejam usadas.
"Os caras mandam que todo
mundo deixe a porta destrancada. E se algum [traficante]
entrar, tem que fingir que é morador", disse um morador da
região que pediu para não ser
identificado.
Na ação de anteontem, cinco
supostos bandidos foram mortos no segundo andar de uma
casa invadida, onde uma família foi usada como "escudo humano" pelos bandidos contra
os agentes, segundo a polícia.
As favelas foram alvo de três
operações da polícia em um
ano e três meses, que deixaram
ao menos 33 mortos em supostos confrontos com agentes.
A violência desvalorizou
imóveis. Uma casa de alvenaria
em terreno de 50 m2 é vendida
a R$ 4.000 -segundo moradores, há 10 anos custava R$ 30
mil, em valores corrigidos.
Críticas
O Ministério Público e a OAB
afirmaram que vão acompanhar os inquéritos policiais sobre as dez mortes ocorridas durante a operação.
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