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foco
Depois de praias, prefeitura leva choque de ordem aos
blocos de Carnaval do Rio
FÁBIO GRELLET
SAMIA MAZZUCCO
DA SUCURSAL DO RIO
Restavam apenas dez dias
para o Carnaval de 2009
quando a professora universitária Gisele Andrade decidiu, junto com amigos, brincar a festa cantando músicas
de Roberto Carlos pelas ruas
da Urca, bairro da zona sul
do Rio onde mora o cantor.
Conseguiram autorização
da prefeitura, reuniram os
músicos, batizaram o bloco
de Exalta Rei e saíram à rua.
O que era para ser uma reunião de amigos arrastou uma
multidão. Emocionado, o
cantor saiu à janela e acenou
para os fãs. Os foliões pararam o trânsito do bairro e
deixaram sujeira e urina.
Se fosse neste ano, a iniciativa não teria vingado. Os
blocos aceitaram o choque
de ordem, projeto implantado pela Prefeitura do Rio,
que terá seu primeiro grande
teste neste fim de semana,
quando 120 blocos desfilam.
Na lista de regras a serem
cumpridas, a Riotur (empresa de turismo municipal) determinou que as agremiações se inscrevessem no órgão até 30 de agosto. Quem
não cumpriu a burocracia
não poderá desfilar. O Exalta
Rei não se inscreveu. Os organizadores criticam a exigência de fazer planos com
antecedência para uma festa
como o Carnaval, marcado
pela espontaneidade.
Os blocos também precisaram informar o percurso e
o horário da festa -antes escondido por muitos, para
não atrair multidões-, além
de ter no máximo 6 horas para brincar. Os vendedores de
bebidas também tiveram de
se cadastrar. Os 3.000 ambulantes selecionados pela Riotur receberam isopor, colete,
boné e guarda sol. Para evitar o xixi na rua, o patrocinador instalou 4.000 banheiros químicos nas ruas. Em
2009 eram só mil, disponibilizados pela prefeitura.
Quem insistir, ignorando
as placas onde se lê "Na boa,
xixi aqui não, né?", corre o
risco de ser preso por ato
obsceno. No final de semana
passado, houve 11 detidos.
A maioria dos 465 blocos
autorizados aprovou as regras. Como alguns se apresentam mais de uma vez, estão programados mais de
600 desfiles do fim de janeiro até o domingo depois do
Carnaval. A Riotur estima
que 2,5 milhões de pessoas
caiam na folia, que será fiscalizada por 360 agentes da Secretaria de Ordem Pública e
pela Guarda Municipal.
"É preciso aperfeiçoar a
estrutura a cada ano", afirma
Rita Fernandes, presidente
da Sebastiana, associação
que representa os principais
blocos do Rio.
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