São Paulo, sábado, 06 de fevereiro de 2010

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Depois de praias, prefeitura leva choque de ordem aos blocos de Carnaval do Rio

FÁBIO GRELLET
SAMIA MAZZUCCO
DA SUCURSAL DO RIO

Restavam apenas dez dias para o Carnaval de 2009 quando a professora universitária Gisele Andrade decidiu, junto com amigos, brincar a festa cantando músicas de Roberto Carlos pelas ruas da Urca, bairro da zona sul do Rio onde mora o cantor.
Conseguiram autorização da prefeitura, reuniram os músicos, batizaram o bloco de Exalta Rei e saíram à rua. O que era para ser uma reunião de amigos arrastou uma multidão. Emocionado, o cantor saiu à janela e acenou para os fãs. Os foliões pararam o trânsito do bairro e deixaram sujeira e urina.
Se fosse neste ano, a iniciativa não teria vingado. Os blocos aceitaram o choque de ordem, projeto implantado pela Prefeitura do Rio, que terá seu primeiro grande teste neste fim de semana, quando 120 blocos desfilam.
Na lista de regras a serem cumpridas, a Riotur (empresa de turismo municipal) determinou que as agremiações se inscrevessem no órgão até 30 de agosto. Quem não cumpriu a burocracia não poderá desfilar. O Exalta Rei não se inscreveu. Os organizadores criticam a exigência de fazer planos com antecedência para uma festa como o Carnaval, marcado pela espontaneidade.
Os blocos também precisaram informar o percurso e o horário da festa -antes escondido por muitos, para não atrair multidões-, além de ter no máximo 6 horas para brincar. Os vendedores de bebidas também tiveram de se cadastrar. Os 3.000 ambulantes selecionados pela Riotur receberam isopor, colete, boné e guarda sol. Para evitar o xixi na rua, o patrocinador instalou 4.000 banheiros químicos nas ruas. Em 2009 eram só mil, disponibilizados pela prefeitura.
Quem insistir, ignorando as placas onde se lê "Na boa, xixi aqui não, né?", corre o risco de ser preso por ato obsceno. No final de semana passado, houve 11 detidos.
A maioria dos 465 blocos autorizados aprovou as regras. Como alguns se apresentam mais de uma vez, estão programados mais de 600 desfiles do fim de janeiro até o domingo depois do Carnaval. A Riotur estima que 2,5 milhões de pessoas caiam na folia, que será fiscalizada por 360 agentes da Secretaria de Ordem Pública e pela Guarda Municipal.
"É preciso aperfeiçoar a estrutura a cada ano", afirma Rita Fernandes, presidente da Sebastiana, associação que representa os principais blocos do Rio.


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