São Paulo, segunda-feira, 06 de março de 2000


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CARNAVAL ALTERNATIVO

Festival com 41 bandas faz homenagem ao roqueiro baiano Raul Seixas

Praia de Piatã vira refúgio do rock contra axé music em Salvador

Moacyr Lopes Jr./Folha Imagem
A cantora Gal Costa participa do Carnaval de Salvador no trio elétrico do bloco Coruja, que desfila no circuito do Campo Grande e tem o cantor Ricardo Chaves


DANIELA FALCÃO
enviada especial a Salvador

Barracas, coqueiros, adolescentes cabeludos e rock. Não fosse a diferença de 30 anos, a praia de Piatã no Carnaval de 2000 passaria sem dificuldades pelo vilarejo de Arembepe (litoral norte da Bahia) no fim dos anos 60, quando virou paraíso hippie e abrigou até a cantora Janis Joplin.
Para fugir do som da axé music e do pagode, uma legião de adolescentes -e outros nem tanto- se instalou com mochilas e barracas no coqueiral da praia de Piatã -a 30 km do Campo Grande, centro da agitação do Carnaval.
Dispostos a encarar a maratona de 10 horas de rock por noite, durante quatro dias, a maioria preferiu montar acampamento em volta do palco em vez de voltar para casa, somando-se aos roqueiros que vieram de cidades do interior da Bahia e até de outros Estados.
"Não dá para ficar voltando para casa todos os dias. O trânsito em Salvador não anda durante o Carnaval", conta o office-boy Rogério Reis, 19, que dividia uma única barraca com 15 amigos. "A gente faz turnos para entrar."
Essa é a sétima edição do Palco do Rock, que neste ano foi transformado em tributo a Raul Seixas, para celebrar os dez anos de morte do roqueiro. "Deveríamos ter feito o tributo em 99. Como não houve patrocínio na época, aproveitamos esse festival para homenageá-lo", conta Humberto Tedão, idealizador do evento.
Até terça-feira, 41 bandas terão subido no palco. A maioria toca rock pesado, mas há representantes de quase todos os estilos - do trash metal, a blues, jazz e bandas cover de Raul Seixas.
Além de roqueiros baianos, há bandas de Alagoas, Brasília e Minas Gerais. Pela primeira vez desde que o festival foi criado, haverá a participação de bandas estrangeiras: a Imortalis, de Portugal, que toca trash metal e a Lon Bové, de Los Angeles (EUA), que mescla jazz, blues e rock.
O contato inicial com os estrangeiros foi feito pela Internet. "Há uma rede de bandas alternativas na Internet. Foi assim que os portugueses souberam do festival."
Como não tinham dinheiro para vir a Salvador e como os organizadores não conseguiam patrocínio, os portugueses convenceram a Prefeitura de Bacelos, onde vivem, a custear as passagens.
Apesar de o festival estar completando sete anos, Tedão só obteve a garantia de que a Prefeitura de Salvador arcaria com os custos de montagem do palco na quarta-feira passada, três dias antes de as primeiras 11 bandas se apresentarem. Resultado: às 20h de sábado, quando o som já deveria estar tocando, o palco ainda recebia os últimos ajustes de luz e som.


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