São Paulo, sexta-feira, 06 de março de 2009

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BARBARA GANCIA

A volta


Nunca pensei que fosse dizer isso, mas, pela primeira vez na vida, morri de inveja dos torcedores corintianos


RONALDO , Michael Jackson, Collor... A semana foi de retornos menos triunfantes do que melancólicos.
O nobre leitor sabe que não entendo patavina de futebol. Mas a beleza do jogo é justamente essa: que outro esporte permite que crianças discutam de igual para igual com os especialistas no assunto?
Já que todo mundo pode dar o seu pitaco, que me desculpe o querido Denilson, mas ouso dizer que o Fenômeno ainda é melhor do que todos os cabeças de bagre que participaram do jogo do Corinthians contra o Itumbiara de Goiás.
Está certo que Ronalducho já estava ofegante menos de dez minutos depois de pisar no gramado. Está certo também que sua mobilidade em campo está mais para Herman Monstro do que para a de um atleta profissional. E é fato que, de agora em diante, os jogadores do Corinthians terão de carregar o piano dele. O lance com Douglas, que não passou a bola ao Fenômeno e foi massacrado nos programas esportivos de ontem, mostra o que está por vir para os jogadores do Timão.
Acontece que, mesmo sugando o time em termos de dinheiro e conquanto não mostre o futebol que o levou a ser consagrado como o melhor jogador do mundo em três anos distintos, Ronaldo ainda é superastro de um esporte que não pode prescindir de ídolos.
Prova disso é que, por mais que sua apresentação contra o Itumbiara tenha sido um anticlímax, a audiência do jogo foi expressiva o suficiente para levar a Globo a adiar o início de seu jornal noturno, repetindo todos os ângulos dos lances de que o Fenômeno participou.
Nunca pensei que fosse dizer isso, mas, na quarta-feira, pela primeira vez na vida, morri de inveja dos torcedores corintianos. Michael Jackson, em compensação, me anima apenas a sentar num canto e chorar. De covinha nova em folha, o autoproclamado "Rei do Pop" subiu ao palco ontem, na O2 Arena de Londres, para anunciar que irá fazer uma série de dez shows "com músicas que os fãs querem me ouvir cantar". Wacko Jacko parafraseou Frank Sinatra (em "My Way") e disse que esta será sua "final curtain", sua última apresentação. Não por acidente, a temporada londrina irá se chamar "This is it", sendo o "it" o ponto final.
Por princípio, não sou fã da reserva de mercado. Mas, no caso de algumas músicas como "I Will Survive", "Macho Man", todos os hits de Barry White e as músicas mais tocadas de Michael Jackson, eu endossaria com uma salva de palmas qualquer norma que dissesse que esses sucessos estão proibidos de tocar no rádio ou em festas de casamento pelos próximos 20 anos.
Se Michael Jackson está precisando de dinheiro porque gastou tudo em advogados e indenizações a meninos menores de idade, eu sinto muito, mas já deu.
Outra que já deu o que tinha que dar é a dupla Fernando Collor/Renan Calheiros. A eleição do ex-presidente para liderar a Comissão de Infraestrutura do Senado não pode ser encarada apenas como mais um capítulo nessa desgraça nacional conhecida como fisiologismo. Da reeleição de FHC para cá, governo(s), Senado e Câmara dos Deputados têm tripudiado seu oportunismo em cima da gente. Mas algo me diz que o cinismo está chegando ao limite. E que a eleição de Collor/Renan irá marcar o começo do fim da farra. Aguardemos.

barbara@uol.com.br
www.barbaragancia.com.br


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