|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Professores da rede estadual de SP anunciam greve
Categoria reivindica reajuste de 34,3%; governo tem priorizado aumento com base em avaliações e diz que paralisação é política
Assembleia, que reuniu
pelo menos 5.000, serviu também de palanque contra possível candidatura de
José Serra à Presidência
DA REPORTAGEM LOCAL
Aos gritos de "aumento salarial já" e "fora Serra", docentes e
funcionários da rede estadual
decidiram ontem entrar em
greve até ao menos sexta-feira.
Reivindicam reajuste salarial de
34,3%, incorporação das gratificações (o que eleva os salários
dos aposentados) e fim da prova
para escolha de temporários.
Em nota, a Secretaria da Educação afirmou que a greve é
"política" e considerou a pauta
"inimiga da melhoria do ensino". Disse ser impossível conceder o aumento salarial, pois
30% do Orçamento está comprometido com educação.
A assembleia, na praça da República (centro), foi organizada
por vários sindicatos, incluindo
a Apeoesp, ligada à CUT e ao
PT. Deputados de PT e PSOL
foram ao local. A PM estimou
em 5.000 o total de presentes;
os organizadores, em 10 mil.
Os representantes dos sindicatos dizem que o reajuste pedido é o equivalente às perdas
desde 1998. O salário inicial na
rede está hoje em R$ 1.834 (jornada de 40 horas semanais).
Até agora, o governador José
Serra (PSDB) tem priorizado
políticas que concedem aumento com base em avaliações.
Já está em curso projeto que
pode quadruplicar o salário até
o final da carreira, desde que o
docente passe em exames.
Outro programa concede um
bônus anual variável àqueles
que trabalham em escolas cujas
notas melhorem. Também
anunciou a incorporação de
uma gratificação, em três anos.
Os sindicatos reclamam que
os reajustes abrangerão poucos
docentes. E que é injusto cobrar evolução dos servidores
sem que haja melhoria nas condições de trabalho na rede.
Sobre as provas dos temporários, as entidades dizem que o
governo precisa fazer concurso
para acabar com essa modalidade (hoje são 80 mil do total
de 210 mil). Enquanto isso, defendem a volta ao modelo anterior, que considerava apenas o
tempo de serviço do candidato.
O governo diz que diminuirá
o número de temporários (há
concurso aberto para 10 mil),
mas que, enquanto isso, deve
escolher os melhores na prova.
"A greve é fruto da intransigência do governo", disse a presidente da Apeoesp, Maria Izabel Noronha. Haverá nova assembleia na sexta, no Masp.
A assembleia de ontem serviu de palanque para ataques à
possível candidatura de Serra à
Presidência. "Não queremos
para o Brasil o que ele fez em
SP", disse Carlos Ramiro de
Castro, presidente da entidade
que representa os servidores
paulistas.
(FÁBIO TAKAHASHI)
Texto Anterior: Há 50 Anos Próximo Texto: Anticotistas dizem que debate no Supremo teve desigualdade Índice
|