São Paulo, sexta, 6 de março de 1998

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DESABAMENTO 2
Para advogado contratado para fazer acordos, indisponibilidade de bens pode dificultar pagamento
Naya quer pagar indenizações em 6 meses

CRISTINA GRILLO
da Sucursal do Rio

O deputado federal Sérgio Naya (sem partido) contratou um escritório de advocacia no Rio para fazer acordos com os donos de apartamentos no prédio Palace 2, na Barra da Tijuca (zona sul do Rio). Os advogados pretendem que em seis meses todos os moradores tenham sido indenizados.
"A intenção de Sérgio Naya é recuperar sua imagem o mais rápido possível", disse ontem à Folha o advogado Marco Aurélio Monteiro de Barros, 53.
Segundo Barros, ficou estabelecido que os advogados levarão em consideração, para a apresentação das propostas, não só os danos materiais causados pelo desabamento, mas também os morais.
"Algumas pessoas perderam parentes, perderam referências em suas vidas. Vamos tentar reparar isso da melhor maneira possível", afirmou o advogado.
Outra decisão tomada, segundo Barros, é que não haverá nenhum tipo de contestação dos direitos dos moradores.
Isso não significa, no entanto, que a construtora Sersan aceitará pagar qualquer valor pedido pelos ex-moradores do prédio. "Vamos propor acordos e para isso temos que avaliar o que foi efetivamente perdido e quanto do valor total do apartamento já havia sido pago."
O advogado quer que os acordos sejam fiscalizados por representantes do Ministério Público "para que não pairem dúvidas sobre a lisura da iniciativa da Sersan".
Segundo Barros, o fato de todos os bens de Sérgio Naya e de suas empresas estarem indisponíveis pode dificultar o pagamento dos acordos. "Ele precisará vender bens para pagar as indenizações", disse. Nos próximos dias, a Sersan publicará nos jornais uma convocação para que os ex-moradores do Palace 2 se apresentem para fazer um cadastramento.
Segundo Barros, outro item ainda não definido pela construtora diz respeito aos moradores do edifício Palace 1, interditado desde o dia do desabamento. O deputado Sérgio Naya ainda não decidiu se as propostas de acordo serão ampliadas para atender os moradores do prédio vizinho.
Valores
Ainda não há uma estimativa sobre os valores dos acordos entre a construtora e os ex-moradores do prédio. Ontem à tarde, o advogado Jorge Béja, que representa 25 proprietários de apartamentos do Palace 2, deu entrada em três ações indenizatórias contra a Sersan. As ações tramitam na 20ª Vara Cível da Justiça do Rio.
Béja estimou que o valor médio das indenizações fique entre R$ 200 mil e R$ 300 mil por apartamento. Para Barros, os valores dos acordos "podem até chegar perto disso" no caso de apartamentos já quitados ou quase quitados.



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